Em mais um dia de nervosismo no mercado financeiro, o dólar comercial superou a barreira de R$ 5,70 e bateu recorde. A moeda encerrou esta quarta-feira (6) vendida a R$ 5,704, com alta de R$ 0,113 (+2,08%). Esse é o maior valor nominal (sem considerar a inflação) desde a criação do real.
O euro comercial fechou a R$ 6,171, com alta de 1,97%. A libra comercial voltou a ultrapassar a barreira de R$ 7, encerrando o dia vendida a R$ 7,054, com alta de 1,54%.
O dólar operou em alta durante toda a sessão até fechar próxima da máxima do dia. A divisa acumula alta de 42,14% em 2020. O Banco Central (BC) interferiu pouco no mercado. A autoridade monetária apenas rolou (renovou) cerca de US$ 500 milhões de contratos antigos de swap cambial – venda de dólares no mercado futuro – que vencerão em junho e comprou títulos da dívida pública externa brasileira com o compromisso de devolvê-los daqui a alguns meses.
Os investidores passaram o dia na expectativa da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que reduziu a Selic (taxa básica de juros) para 3%. A decisão só saiu depois do fechamento dos negócios. Juros mais baixos tornam menos atrativos os investimentos em países emergentes, como o Brasil, estimulando a retirada de capitais por estrangeiros.
A revisão para baixo da perspectiva da nota do Brasil pela agência de classificação de risco Fitch, divulgada ontem (5) à noite, também provocou turbulências no mercado. As tensões políticas internas também interferiram nas negociações.
O dia foi marcado por perdas no mercado de ações. O índice Ibovespa, da B3 (bolsa de valores brasileira), fechou esta quarta aos 79.064 pontos, com queda de 0,51%. No início da sessão, o indicador caiu quase 1%, mas o ritmo de queda diminuiu ao longo do dia.
O Ibovespa foi afetado pelo mercado externo. Influenciado pela divulgação de que o setor privado nos Estados Unidos demitiu 20,3 milhões de trabalhadores em abril, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, encerrou o dia com perda de 0,91%.
Há várias semanas, mercados financeiros em todo o planeta atravessam um período de nervosismo por causa da recessão global provocada pelo agravamento da pandemia do novo coronavírus.
As interrupções na atividade econômica associadas à restrição de atividades sociais travam a produção e o consumo, provocando instabilidades. No entanto, o relaxamento de restrições em vários países da Europa e regiões dos Estados Unidos, após a superação do pico da pandemia, tem amenizado o impacto sobre os mercados.
Os preços internacionais do petróleo, que subiram nos últimos dias, recuaram levemente hoje. O barril do tipo Brent, que serve de referencial para o mercado internacional e para a Petrobras, era vendido a US$ 29,91 por volta das 19h, com queda de 3,42%.
A queda nas cotações do petróleo e as tensões econômicas refletiram-se nas ações da Petrobras, as mais negociadas na bolsa. Os papéis ordinários (com direito a voto em assembleia de acionistas) desvalorizaram-se 3,91% nesta quarta. Os papéis preferenciais (com prioridade na distribuição de dividendos) tiveram perda de 3,68%.
A guerra de preços de petróleo começou há dois meses, quando Arábia Saudita e Rússia aumentaram a produção, mesmo com os preços em queda. Segundo a Petrobras, a extração do petróleo só é viável no longo prazo para cotações a partir de US$ 45. No curto prazo, a companhia pode extrair petróleo a US$ 19, no limite dos custos da empresa.
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