O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anuncia nesta quarta-feira, 29, um decreto para determinar o uso de máscaras para passageiros do Metrô, de trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e de ônibus intermunicipais administrados pelo governo do Estado. Os detalhes serão divulgados em coletiva que Doria convocou para 12h30, no Palácio dos Bandeirantes.
O secretário de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, afirmou na segunda-feira, em uma postagem feita no Twitter, que o uso das máscaras seria obrigatório no sistema, e que passaria a valer daqui uma semana. Nesse período, os equipamentos de proteção seriam distribuídos nas estações à população.
Entretanto, procuradores do Estado e advogados do Metrô estavam reunidos desde segunda-feira para verificar se o acesso ao transporte público em São Paulo poderia barrar as pessoas sem as máscaras, uma vez que transporte é um direito social previsto na Constituição.
Cidades da região metropolitana, como Guarulhos, e municípios do interior paulista e de outros Estados já proíbem o acesso ao transporte público sem o equipamento de proteção. Havia ainda dúvida se haveria funcionários suficientes para fiscalizar o cumprimento à regra.
No metrô, a companhia deverá adotar ações para evitar aglomeração. Embora a queda de movimento tenha sido superior a 70%, ainda há grande aglomeração de passageiros em plataformas e em trens nos horários de pico.
Dessa forma, agentes no Centro de Controle Operacional (CCO) deverão fazer uma contagem de passageiros na plataforma, para acelerar a chegada do trem seguinte se observarem que o trem que está chegando no momento não será suficiente para esvaziar a plataforma. Cada trem tem capacidade para transportar até 2 mil pessoas.
O metrô está fazendo ainda testes com uso de luzes UV para a limpeza das composições, usando uma técnica que poderia matar vírus deixados nos vagões.
Na capital paulista, a Prefeitura editou uma recomendação sobre o uso das máscaras em toda a cidade e também nos transportes públicos, mas que não é obrigatória. Os coletivos municipais têm comunicados afixados em cada veículo com as instruções.
Na semana passada, Doria já havia publicado um decreto que recomendava o uso das máscaras nos 645 municípios do Estado. Medida semelhante também já havia sido anunciada pelo prefeito Bruno Covas (PSDB). Na época do anúncio, o entendimento do governo e da Prefeitura de São Paulo era de que tornar o material obrigatório poderia colocar em risco o fornecimento de máscaras para os profissionais de áreas essenciais.
No caso da cidade de São Paulo, antes da crise, os órgãos de saúde consumiam cerca de 350 mil máscaras de proteção por mês. Atualmente, esse consumo é de cerca de 2,2 milhões.
Cai o uso dos ônibus
Nesta quarta, em entrevista à rádio Eldorado, o secretário municipal de Mobilidade e Transportes, Edson Caram, afirmou que o uso do transporte coletiva está numa faixa de 30%. “Temos 30% da população usuária do transporte coletivo e essa média não foi alterada. O volume que cresceu foi por automóvel”, disse.
“As linhas onde percebemos que há maior densidade de pessoas, colocamos mais veículos”, disse, lembrando que Covas já havia assinado um decreto que flexibiliza os horários dos comércios essenciais. A medida foi tomada para evitar lotação no transporte público em horários considerados de pico. “Algo em torno de 300 mil pessoas mudaram seu horário de transporte.”
De acordo com Caram, as empresas de transporte coletivo tiveram recomendação de usar uma cortina para isolar os funcionários e disponibilizar álcool em gel para todos que estiverem trabalhando durante a pandemia.
Além disso, a Prefeitura estuda fazer novos bloqueios em vias da cidade. Ações desse tipo já aconteceram nesta semana na Radial Leste, na avenida Inajar de Souza (zona norte) e na avenida Teotônio Vilela (zona sul). De acordo com a Prefeitura, os bloqueios possibilitam as abordagens de profissionais de saúde e a distribuição de material informativo aos motoristas.
O secretário ainda negou que haja qualquer possibilidade de retomada do rodízio de veículos no período da quarentena ou de aumento do preço da tarifa de ônibus.
Por Bruno Ribeiro, com colaboração de João Ker e Paloma Cotes
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