Em meio à pandemia do novo coronavírus, o número de mortes registradas como “causas indeterminadas” no Rio de Janeiro aumentou 62 vezes. O Estado já havia adiantado que o crescimento desse tipo de óbito é uma tendência nacional. O caso do Rio, contudo, é ainda mais alarmante.
Foram considerados, para o levantamento, os dados desde 26 de fevereiro – data em que o País registrou o primeiro caso da covid-19 – até dez dias atrás, já que os cartórios têm esse prazo para comunicar as mortes à Central de Informações do Registro Civil. Os números foram obtidos no novo portal da transparência criado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil).
Neste período abarcado, 310 pessoas tiveram óbitos registrados como causas indeterminadas em cartórios fluminenses; no mesmo intervalo do ano passado, foram apenas cinco pessoas. Em aumento porcentual, isso significa 6.100%, bem maior que os 43% da média nacional.
Os dados jogam luz sobre um provável crescimento de óbitos em casa, ou seja, de pessoas que nem sequer tiveram atendimento médico. É nisso que acredita Fátima Marinho, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e integrante do grupo de especialistas que auxiliou a Arpen-Brasil na elaboração do painel.
“Em situação de doença nova, uma pandemia, a gente espera um aumento de mortes em casa, sem que a pessoa sequer consiga ter atendimento médico. Isso pode estar acontecendo agora”, diz.
O Rio já tem mais de 300 infectados pela covid-19 na fila para conseguir leitos de UTI. A principal aposta para lidar com o colapso do sistema são os oito hospitais de campanha anunciados pelo governo do Estado, que serão inaugurados com atraso ao longo de maio.
Além das causas indeterminadas, as mortes por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) também dispararam no Rio, segundo os registros cartoriais. Foram 130, contra seis no mesmo período do ano anterior. Ou seja, aumentou 21 vezes.
De acordo com o último balanço do governo estadual, o Rio tem 677 mortes confirmadas por covid, além de 276 sob investigação. Há, no entanto, uma carência enorme de testes, o que indica que os números são bem maiores.
Em meio a esse cenário, a Prefeitura da capital fluminense publicou nesta terça-feira, 28, uma medida que autoriza empresas funerárias a fazerem, elas próprias, os registros de óbitos, para evitar sobrecarga nos cartórios.
As funerárias também têm sido flagradas construindo novas gavetas para evitar a falta de espaço para vítimas fatais da doença. Os cemitérios de Inhaúma e de Irajá, na zona norte da capital, já têm cerca de 30 novos blocos com centenas de gavetas cada, segundo imagens aéreas da TV Globo.
Já o cemitério do Caju, o maior da cidade, vai construir 12 mil gavetas – 800 delas estão com obras em fase final de construção. A concessionária Reviver, contudo, nega que elas tenham relação com a pandemia do coronavírus.
Por Caio Sartori, com colaboração de Colaborou Fabiana Cambricoli
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