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Campinas e demais cidades de SP têm plano de antecipar fim da quarentena negado

O governo do Estado de São Paulo negou nesta terça-feira, 28, a possibilidade de antecipação do fim da quarenta por prefeituras paulistas, como proposto por Campinas, a maior cidade do interior. O município apresentou à Secretaria de Estado da Saúde plano para flexibilizar o isolamento e iniciar a retomada das atividades a partir da segunda-feira, dia 4 – uma semana antes do prazo estabelecido pelo governador, João Doria, dia 11.

Com recorde de mortes da covid-19 registrado em um único dia no Estado – 224 óbitos, aumento de 12% em 24 horas – e redução do índice de isolamento social, o governador de São Paulo se reuniu virtualmente na manhã desta terça-feira, 28, com prefeitos de 31 grandes cidades paulistas para avisar que não permitirá antecipação do fim da quarentena. São ao todo 24.041 casos confirmados da covid-19 e 2.049 mortes em São Paulo.

Dória disse aos prefeitos que o “isolamento social é fundamental” e que “cidades que estão mantendo o índice entre 60% e 70%” serão as que terão mais oportunidades de flexibilização das atividades. Foi apresentado a eles o regramento que vai nortear a flexibilização da quarentena no Estado. O coordenador do Centro de Contingenciamento do Coronavírus, David Uip, e os secretários de Saúde, José Henrique Germann, de Desenvolvimento Social, Célia Parnes, e de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, participaram da reunião.

“Haverá um tratamento heterogêneo e gradual”, afirmou Vinholi aos prefeitos. Nesta quarta-feira, 29, Doria faz nova reunião com prefeitos da Região Metropolitana de São Paulo e na quinta, 30, com prefeitos de cidades com menos de 200 mil habitantes.

Diferenças

Campinas tem um cenário diferenciado do registrado em São Paulo. Com 1,2 milhão de habitantes – população interior apenas de Guarulhos e da capital -, a cidade registra 306 casos confirmados da covid-19, 263 em investigação e 14 mortes. Não há sobrecarga nas unidades de saúde, nem na rede municipal, nem no Hospital das Clínicas da Unicamp, uma das unidades de referência no interior do Estado para atendimentos de casos graves.

Com base nos dados de ocorrências, taxa de ocupação de leitos e estrutura de atendimento disponível, a prefeitura montou um plano de flexibilização do isolamento social em três etapas, para ser iniciado à partir do dia 4, que foi enviado para aprovação ao governo do Estado, na segunda-feira, 27.

Um dos dados considerados pela Secretaria de Saúde de Campinas foi a baixa taxa de óbitos da cidade: enquanto o Estado de São Paulo apresenta taxa de 18,32 mortes para cada 1 milhão de habitantes e o País 36 casos por 1 milhão, a cidade tem taxa de 10,8 óbitos da covid-19 por 1 milhão. Enquanto situação em São Paulo é de emergência, em Campinas a classificação é de situação de alerta. Outro diferencial de Campinas em relação a São Paulo é que houve manutenção no número de casos suspeitos e redução progressiva da taxa de ocupação de leitos, que indicariam “impacto positivo das medidas adotadas em Campinas para o controle da transmissão”.

O prefeito de Campinas, Jonas Donizette, foi um dos que participou da reunião com Dória. A prefeitura informou em nota que “ainda não recebeu oficialmente do governo do Estado a resposta sobre o pedido para dar início ao plano de retomada das atividades na cidade no dia 4 de maio”.

Plano local

O Plano de Monitoramento da Pandemia de Covid-19 em Campinas e Flexibilização do Distanciamento Social, mesmo que tenha que ser adiado para o dia 11, continua valendo. Ele prevê retomada gradativa das atividades, em três fases de 14 dias cada. Ele prevê que as mudanças de fase só serão possíveis se houver estabilidade de número de casos novos e capacidade de leitos hospitalares para atendimento à demanda.

“Nós mandamos esse documento técnico (ao Estado), eu não estou pedindo favor para o governador. Eu estou dizendo: Campinas se encontra em uma situação que ela pode antecipar em uma semana a abertura do comércio, governador. Eu estou pedindo autorização do governador”, destacou o prefeito, ao anunciar o plano, na segunda-feira.

“Até agora, todos os casos, de prefeituras que abriram o comércio, elas abriram de forma unilateral. Nós estamos formulando um documento técnico dizendo que Campinas se encontra em condições de abrir e caso tenha algum reflexo nós temos condições também de suportar esse reflexo”, explicou Jonas Donizette.

Por Ricardo Brandt

Estadão Conteúdo

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