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Retomada de países ricos deve acelerar a partir de 2021

Os choques econômicos causados pela forte desaceleração da atividade produtiva nos últimos meses, no rastro da pandemia do coronavírus, vão atingir as economias de maneira diferente.

Analistas têm dado especial ênfase à situação dos emergentes, suscetíveis à piora da situação fiscal, fuga de investimentos e queda nos preços das commodities. Com pacotes de socorro também em menor escala, as expectativas de recuperação para esse grupo são piores. No caso das economias avançadas, a retomada tende a ser mais vigorosa em 2021, acentuando diferenças com o resto do mundo.

O cenário básico considerado pelos analistas é de redução dos efeitos negativos do coronavírus nos próximos meses, o que não colocaria em risco também o crescimento do mundo em 2011. Assim, Estados Unidos e países da zona do Euro – severamente afetados neste primeiro momento – devem amargar um tombo maior do que os países da América Latina em 2020. Em compensação, terão fôlego para avançar mais no próximo ano.

Nos EUA, o crescimento em 2021 deve chegar a 4,7%, depois de uma retração de 5,9% em 2020, segundo o FMI. A previsão para o ano que vem é quase 3 pontos porcentuais maior do que era estimado antes da crise. Em comparação, o Brasil deve ver o PIB cair 5,3% neste ano e ter crescimento de 3,5% em 2021 – ou 0,6 ponto porcentual a mais do que já era projetado para o País quando a pandemia não fazia parte das contas.

Já na zona do Euro, a diferença em relação às estimativas anteriores sobre 2021 pode chegar a 3,3 ponto porcentual. No caso dos emergentes, a projeção de crescimento cresceu basicamente puxada pela China. Na América Latina e Caribe, a projeção de crescimento no ano pós-crise aumentou 1 ponto na comparação com o pré-pandemia, enquanto nos países de baixa renda e em desenvolvimento, ficou abaixo disso.

Não necessariamente países avançados vão crescer mais do que outros em 2021, mas a comparação das projeções feitas antes da crise com as atuais mostra que nações ricas tendem a entrar em trajetória de recuperação no ano que vem, enquanto parte dos demais países crescerá pouco a mais do que já era esperado antes da recessão global.

Em relatório recente, o FMI apontou que economias avançadas, “com forte governança, sistemas de assistência médica bem equipados e o privilégio de emitir moedas de reserva”, estão relativamente melhor posicionados para enfrentar a crise. Do outro lado, vários emergentes e economias em desenvolvimento devem depender da ajuda de instituições internacionais.

“Comparado às economias avançadas, muitos países de baixa renda estão mais mal posicionados para conter e gerenciar a crise. Esses países têm menos espaço fiscal, sistemas de saúde pública mais fracos”, afirma Barry Eichengreen, economista e professor da Universidade da Califórnia em Berkeley.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, tem cobrado o que chama de “resposta coordenada, multilateral e de larga escala, que represente ao menos 10% do PIB global” em medidas de estímulo à economia. Para tanto, seria preciso expandir a capacidade do FMI e de outras instituições para injetar recursos nos países que precisam.

Diferenças

Comparar o socorro a trabalhadores nos EUA com o panorama brasileiro, por exemplo, dá uma ideia das diferenças. No Brasil, o número de trabalhadores que terão acesso a renda emergencial é estimado em 75 milhões – algo em torno de 35% da população. Nos EUA, a expectativa de analistas é que até 150 milhões de pessoas (o equivalente a 45% da população americana) sejam beneficiadas. Destes, 80 milhões já receberam um cheque de estímulo na primeira leva de pagamentos, feita na semana passada.

A renda média por família nos EUA é de US$ 63 mil por ano, algo próximo a US$ 5 mil por mês. Com o coronavírus, quem receber até US$ 75 mil anualmente terá direito a pagamento de US$ 1,2 mil feito pelo governo americano para ajudar as famílias. Casais podem receber dobrado e cada criança dá direito a uma verba extra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Beatriz Bulla, correspondente

Estadão Conteúdo

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