Categories: Economia

Juros longos reduzem ritmo de queda e taxas curtas fecham em alta

Esta segunda-feira, 27, terminou bem pior do que começou para o mercado de juros. A queda firme das taxas vista pela manhã na ponta longa perdeu força à tarde e as curtas, que também cediam na primeira etapa, passaram a subir. O movimento coincidiu com o aumento da pressão sobre o câmbio que, mesmo com as sucessivas intervenções do Banco Central e com desagravo do presidente Jair Bolsonaro ao ministro da Economia, Paulo Guedes, passou boa parte da tarde rondando os R$ 5,70. É consenso que embora os ruídos políticos hoje tenham dado alguma trégua, o mercado está muito fragilizado.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021, que de manhã voltava a oscilar abaixo de 3%, fechou em 3,200%, de 3,117% na sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2022 subiu de 4,101% para 4,22%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 8,46%, de 8,593%.

Após o estresse que catapultou as taxas na sexta-feira, 24, hoje de manhã a curva experimentava grande alívio, mas ainda assim a devolução de prêmios ia num ritmo bem menos intenso do que a alta na sessão anterior. “A inclinação segue muito elevada, as taxas não devolveram quase nada do aumento dos prêmios”, observou o operador de renda fixa da Terra Investimentos Paulo Nepomuceno.

A melhora decorreu do discurso conjunto do presidente Jair Bolsonaro e de seus ministros, em resposta às críticas de que o governo estaria rachando após a saída de Sérgio Moro, e que Paulo Guedes poderia ser o próximo. “O homem que decide economia no Brasil é um só, chama-se Paulo Guedes. Ele nos dá o norte, nos dá recomendações e o que nós realmente devemos seguir”, disse Bolsonaro.

O economista-chefe para América Latina do banco IG, Gustavo Rangel, avalia ser essencial a manutenção de Guedes caso Bolsonaro queira preservar a âncora fiscal de seu governo. Para ele, a fala de Bolsonaro sobre Guedes, assim como a sinalização de que não haverá processo de impeachment neste momento, dada hoje pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sugerem que o episódio de saída de Moro não deve ter efeito imediato sobre a política econômica. “O efeito político ainda é incerto”, disse. Em entrevista, Maia defendeu ainda a permanência do economista no governo. “Tive alguns conflitos com ele nas últimas semanas, mas isso não me coloca aqui apenas para criticá-lo, ele tem credibilidade”, disse.

No começo da tarde, a virada do dólar para cima esfriou o ajuste de baixa na curva longa e colocou a ponta curta em alta. A moeda no segmento à vista tinha ganho firme no fechamento sessão regular do DI, tendo renovado máximas até R$ 5,7258, o que obrigou o BC a lançar sua quarta intervenção do dia no fim da tarde. Com isso, a moeda acabou fechando quase estável, a R$ 5,6596 (-0,03%).

Na curva de juros, as apostas para a Selic ficaram mais conservadoras. Segundo o Haitong Banco de Investimentos, a curva precificava para o Copom de maio 42 pontos-base de corte para a taxa básica, ou seja, 70% de chance de queda de 0,5 ponto porcentual e 30% de probabilidade de redução de 0,25 ponto.

Por Denise Abarca

Estadão Conteúdo

Recent Posts

País pode virar referência em pagamentos internacionais com uso de cripto, dizem especialistas

O Brasil tem a oportunidade de ser referência em pagamentos internacionais, assim como já é…

23 horas ago

Deputado do agro quer comissão externa para ‘colocar dedo na ferida’ do Carrefour

Lideranças do agronegócio estão indignadas com a decisão do Carrefour de boicotar a carne do…

24 horas ago

Federação de Hotéis e Restaurantes de SP organiza boicote ao Carrefour

A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) convocou empresários…

2 dias ago

Gol anuncia nova rota semanal entre Curitiba e Maringá

A Gol Linhas Aéreas anunciou o lançamento de uma nova rota que liga Curitiba (PR)…

2 dias ago

Governo de SP prevê R$ 1,3 bi em segurança viária para concessão da Nova Raposo

A concessão rodoviária do Lote Nova Raposo (São Paulo) vai a leilão na próxima quinta-feira,…

2 dias ago

Petróleo pode cair de US$ 5 a US$ 9 em 2025 com grande oferta e problemas da demanda

O preço do barril do petróleo tipo Brent tende a cair de US$ 5 a…

2 dias ago