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Brasilianistas questionam comportamento de Bolsonaro

Enquanto Bolsonaro ignora as recomendações internacionais e tenta pôr fim ao isolamento, Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF) assumem boa parte da responsabilidade pelo combate ao novo coronavírus, afirmam brasilianistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo. Para eles, o Executivo enfraquecido permanece no cenário pós-crise e o comportamento do presidente deixa como herança a recuperação mais lenta da economia e uma reputação internacional manchada.

Apesar de a maior parte dos pesquisadores concordar que as instituições oferecem um freio às atitudes de Bolsonaro, alguns questionam se elas são realmente suficientes para impedir uma escalada antidemocrática no País.

Exemplo citado é o episódio do último domingo, 19, quando o presidente participou de atos que pediram fechamento do Congresso e intervenção militar. Nele, as instituições mostraram-se mais fortes e adaptáveis do que se poderia esperar, diz Peter Hakim, presidente emérito e membro sênior da ONG Diálogo Interamericano.

O tom de confronto adotado nos atos pelo mandatário ocorre após várias derrotas do governo na pandemia. Para Hakim, as instituições políticas e cívicas estão atuando de forma responsável na crise do coronavírus, mas isso não é possível evitar completamente os prejuízos que Bolsonaro tenha causado.

O brasilianista Georg Walter Wink, do Centro de Estudos Latino-Americanos (CLAS), enxerga nesse cenário um fortalecimento do Congresso, consequência “quase inevitável” da estratégia bolsonarista de abdicar dos tradicionais mecanismos de negociação com o legislativo. “Vejo uma tendência em direção a um parlamentarismo ‘velado’ que, apesar da disfuncionalidade do executivo, realiza as reformas anunciadas, sobretudo macroeconômicas.”

Apesar do fortalecimento das instituições, é preciso ter em vista que elas foram criadas para ter um presidente forte, o que não tem ocorrido, diz David Samuels, professor da Universidade McKnight.

“A questão central parece ser a incapacidade ou a falta de vontade do presidente em usar o poder de sua posição para coordenar com o Congresso e avançar com reformas e ações abrangentes que levariam o Brasil adiante”, diz o professor.

Prejuízo à imagem do País

O prejuízo à imagem do País perante o resto do mundo é consenso entre os brasilianistas. Para Georg Walter Wink, “o Brasil que parecia estar se desenvolvendo e ‘normalizando’, a partir de uma visão europeia, desde os governos de FHC, voltou a ser um país exótico, de radicalismo, isolamento e obscurantismo na política”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Bianca Gomes

Estadão Conteúdo

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