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‘Crise expôs a falta de liderança do Brasil’, diz cientista político

No momento em que a pandemia do novo coronavírus avança no mundo e no Brasil, é fundamental discutir os desafios sociais, econômicos e políticos que a covid-19 impõem ao País. A avaliação é do cientista político Hussein Kalout, pesquisador da Universidade de Harvard e um dos idealizadores da “Brazil Conference at Harvard & MIT”, plataforma que reúne lideranças de diferentes segmentos da sociedade e de distintos matizes ideológicos para debaterem soluções para os desafios do País.

Neste ano, na sexta edição da “Brazil Conference”, os painéis online ocorrem a partir desta quarta-feira até o início de maio e serão transmitidos pelo YouTube. Na programação, estão nomes como o prêmio Nobel de Economia em 2019, Michael Kremer.

O evento é realizado anualmente pela comunidade brasileira de estudantes em Boston, nos Estados Unidos. Pela primeira vez, ele será por videoconferência e terá parceria do jornal O Estado de S. Paulo, que fará a cobertura completa e exclusiva em suas plataformas.

Qual a importância de reunir figuras de peso para discutir os desafios do Brasil?

Debater os rumos do Brasil é um imperativo. Apesar das possíveis dissonâncias de visões que existam, há denominadores mínimos que unem todos. É preciso fazer um diagnóstico do presente e pensar os caminhos do futuro em nome da democracia e do Brasil.

Como o coronavírus impacta as discussões da conferência?

A ausência de liderança do Brasil ficou plenamente exposta a partir dessa crise. A conduta de algumas autoridades tem sido contra o consenso científico internacional. Isso nos coloca diante de um cenário de incerteza.

Quais as consequências dessa conduta para o futuro?

O Brasil não tem sido capaz de liderar. A interpretação que se faz é de que o Brasil não tem apreço pela sua região como tem por outras regiões do mundo. É um vácuo que se deixa, independentemente de quaisquer circunstâncias. Hoje, o Brasil se tornou nesse momento um país que não prima por ser um bom exemplo.

Em que dimensão isso afeta as relações internacionais?

A política externa brasileira precisa ser totalmente reconfigurada. O país obliterou a sua capacidade de operar nos principais tabuleiros internacionais. Precisamos restaurar a nossa influência na América do Sul. O Brasil precisa saber como quer desenvolver, liderar e projetar os seus interesses na região. E hoje isso não está claro. Pelo contrário, o cenário é de abandono. No fundo, estamos à deriva. O Brasil não é visto mais como ator proponente de soluções, mas de um país gerador de animosidades e de conflitos. O Brasil está carente de uma visão estratégica integrada, coesa e focada nos grandes objetivos nacionais.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Paulo Beraldo

Estadão Conteúdo

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