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Taxas de juros fecham em queda firme com declarações de Campos Neto e Kanczuk

Os juros futuros fecharam a segunda-feira, 20, em queda firme, principalmente nos vencimentos de curto e médio prazos, em reação à sinalização dada pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e pelo diretor de Política Econômica, Fábio Kanczuk, em apresentações para o mercado financeiro fechadas à imprensa, de que o Copom pode atuar de forma mais agressiva nos cortes da Selic. Nesse contexto, as taxas longas recuaram menos, mas ainda assim tiveram alívio, mesmo com o aumento do ruído político e desempenho ruim de moedas de economias emergentes.

O giro de contratos foi bastante forte, especialmente nos juros curtos. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou pela primeira vez abaixo de 3%, a 2,830%, de 3,037% no ajuste de sexta-feira e a do DI para janeiro de 2022 caiu de 3,64% para 3,37%. O DI para janeiro de 2027 terminou a sessão regular com taxa de 6,83%, de 6,902% na sexta-feira.

Em reuniões online com investidores nesta manhã, organizada pelo Itaú BBA, Kanczuk afirmou que, se for necessário, o BC não precisa ser conservador com a redução da Selic, de acordo com fontes que acompanharam os encontros virtuais. “Essa sinalização foi um dos motivos para a curva fechar, com maior probabilidade de o BC agir mais rapidamente, mas também temos os juros no mundo em queda e outros ‘trackings’ deflacionários, como o petróleo”, afirmou o trader da Sicredi Asset Cássio Andrade Xavier.

Segundo uma fonte, quando questionado se em momento de incerteza, o BC precisa ser mais conservador, Kanczuk disse que “não via porque guardar munição”. As declarações vão na contramão do que uma parte do mercado vinha entendendo com as declarações de Campos Neto. Nesta madrugada, em entrevista ao SBT, ele ressaltou que a próxima reunião, em maio, levará em conta vários fatores e sinalizou que mais cortes de juros poderiam não ser a solução. Porém, hoje, o mesmo Campos Neto, em teleconferência organizada pelo JPMorgan, também teria sido dovish em suas declarações, indicando que agora o momento da política monetária “é outro”. No fim da tarde, falando ao Estadão Live Talks, afirmou que “as condições de política monetária mudaram muito com o coronavírus”. “O cenário estava nebuloso, entendemos agora que conseguimos enxergar com mais clareza”, afirmou. Declarou ainda que “em nenhum momento dissemos que a política monetária não era efetiva”.

A precificação da curva, segundo cálculos do economista-chefe do Haitong Banco de Investimentos, Flávio Serrano, apontava -55 pontos-base para a Selic no Copom de maio, ou 80% de chance de queda de 0,5 ponto e 20% de possibilidade de queda de 0,75 ponto. Para junho, a precificação era de exatos -25 pontos e para o Copom de agosto, -15 pontos – 60% de chance de corte de 0,25 ponto e 40% de chance de Selic estável.

Por Denise Abarca

Estadão Conteúdo

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