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Piora externa e tensão política jogam Ibovespa para baixo na véspera de feriado

Novas preocupações com mais uma onda de queda do preço do petróleo e em relação ao tamanho da recessão mundial deixam investidores na defensiva no exterior. Esse clima negativo também contamina o Ibovespa, que ainda tende a ser influenciado pelo recrudescimento da tensão política envolvendo o Executivo e o Legislativo. Já o feriado desta terça-feira no Brasil por conta do Dia de Tiradentes e o vencimento de opções sobre ações na B3, nesta segunda-feira, podem provocar alguma instabilidade.

“O investidor fica de olho, atento a sinais de início de reabertura de alguns locais após o isolamento social, como EUA e Dinamarca, o que daria um tom mais positivo, no sentido que a pandemia pode estar deixando de piorar por lá. No entanto o petróleo cai forte por conta da queda na demanda pelo novo coronavírus, tem esse movimento disfuncional. E, aqui, tem todo o ruído político e o feriado que tende a deixar ainda mais o investidor com o pé atrás”, resume o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira.

Novamente, avalia a MCM Consultores, os atos do presidente Jair Bolsonaro tumultuam o já conturbado ambiente político doméstico. “A participação em eventos contrários à democracia aumenta o isolamento político do presidente, desgasta a imagem do País no exterior e torna mais desafiadora a votação de medidas importantes no Congresso”, cita a nota da consultoria.

Conforme a MCM, a fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também no fim de semana, mostrou um presidente da instituição cauteloso quanto às apostas de quedas fortes da taxa Selic.

Na manhã destas segunda-feira, durante transmissão online, Bolsonaro afirmou que ontem não falou nada contra qualquer Poder. Disse que, no que depender dele, a democracia e a liberdade “ficarão acima de tudo”. Afirmou ainda que não irá pecar por omissão, dizendo que respeita o Supremo Tribunal Federal e o Congresso.

“É uma situação que não deve ajudar o investidor, que já está na defensiva por causa do exterior, e pode atrapalhar ainda mais”, diz um operador.

Contudo, o especialista em renda variável acredita que o exterior pode ter mais peso sobre a Bolsa brasileira, como tem ocorrido nos últimos dias. Além da queda de quase 12% do petróleo em Nova York, por conta de redução na demanda, há dúvidas quanto a como se darão as reaberturas de algumas economias que já indicam esse movimento, como na Europa e nos EUA. O recuo influencia as ações da Petrobras, que caiam na faixa de 3,00% na B3 pouco antes das 11h. Já as da Vale cedem acima de 2,5%

“Também há dúvidas sobre o desempenho das empresas, que estão divulgando balanços nos EUA”, diz, acrescentando que há temores de que os números das companhias do primeiro venham piores que o esperado por conta da pandemia. Às 10h58, o Ibovespa caía 1,76%, aos 77.599,48 pontos.

Por Maria Regina Silva

Estadão Conteúdo

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