Categories: Empresas

Doações de empresas somam R$ 2,7 bilhões

Em um mês, famílias e grandes empresas doaram quase R$ 2,7 bilhões para ajudar no combate ao coronavírus – valor equivalente ao orçamento mensal do Bolsa Família. Segundo o Monitor das Doações, atualizado diariamente pela Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), em uma semana o valor cresceu quase R$ 500 milhões, com a diversificação do destino.

Cerca de 70% do montante doado é para financiar a saúde durante a pandemia. Mas, com o passar do tempo e os reflexos da paralisia econômica na renda das famílias e dos pequenos empreendedores, parte das doações começou a ser destinada a comunidades carentes e ao apoio a micro e pequenas empresas, diz o diretor executivo da ABCR, João Paulo Vergueiro. “Tem havido um aumento das doações com a finalidade de gerar renda para a população.”

Quase dois terços do volume doado vêm do sistema financeiro, em especial do Itaú, que doou cerca de R$ 1,2 bilhão. A lista consolidada pela ABCR tem 134 doadores e inclui, além das grandes empresas, nomes de alguns famosos como Galvão Bueno, Gisele Bündchen, Gustavo Lima, Luciano Huck, Neymar e Xuxa Meneghel. “Nunca vimos no Brasil uma mobilização tão grande como essa que está ocorrendo”, diz Vergueiro, explicando o motivo pelo qual começou a mapear as doações.

Apesar de a maior parte dos valores vir de empresas privadas, algumas estatais também anunciaram iniciativas. A BB Seguros, por exemplo, doou R$ 40 milhões para ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade social. Os recursos serão destinados para a compra de alimentos e produtos de higiene e limpeza. Segundo o presidente da instituição, Bernardo Rothe, as doações vão ocorrer por meio da Fundação Banco do Brasil, que tem maior proximidade com ONGs ligadas a comunidades carentes.

Até semana passada, R$ 279 mil já tinham sido liberados e outros R$ 2 milhões aprovados. Antes de liberar os recursos, a fundação precisa aprovar o projeto apresentado pela ONG, que faz as compras dos alimentos e produtos de higiene e repassa os comprovantes para a instituição.

“Somos uma estatal, portanto tenho de cumprir uma série de regras do TCU (Tribunal de Contas da União)”, diz Rothe. “Mas acreditamos que agora a liberação começa a ganhar velocidade”, completa Asclepius Ramatiz Lopes Soares, presidente da Fundação BB. Segundo ele, a ideia não é concentrar as doações, mas alcançar o maior número de pessoas possível.

A diversificação das doações também tem sido adotada pela família Menin, da MRV, Banco Inter e LOG CP. O grupo começou fazendo uma doação de R$ 10 milhões para comprar respiradores para o Estado de Minas Gerais. A iniciativa ganhou corpo e outras companhias mineiras entraram na campanha, somando R$ 130 milhões para a aquisição dos equipamentos.

Sem experiência no assunto e depois de ter a negativa de China e Portugal na compra dos aparelhos, os recursos passaram a ser geridos pela Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais), diz o presidente da MRV, Rafael Menin. “Sabemos que o governo, com toda sua burocracia, não conseguiria resolver o problema.”

Outra iniciativa do conglomerado foi a doação de R$ 2,5 milhões em cestas básicas para populações carentes. Cada família recebeu um cartão com crédito de R$ 100 para fazer as compras. Em maio, o cartão será recarregado com o mesmo valor, diz Menin. “As pessoas estão desamparadas e precisam de ajuda imediata.”

Os valores computados pela ABCR não incluem as doações de produtos feitas pelas empresas nas últimas semanas, como álcool em gel e sabão. Portanto, o volume doado é ainda maior. Algumas companhias adaptaram suas plantas para fabricar produtos que estavam em escassez no País. A Ypê, por exemplo, decidiu logo no início da quarentena destinar uma linha para produzir álcool em gel. “Mas aí tomamos conhecimento de que havia falta de um espessante para a produção”, diz o presidente da empresa, Waldir Beira Jr.

Com a ajuda de parceiros, eles conseguiram desenvolver outro espessante e, em menos de uma semana, produziram o primeiro frasco de álcool em gel. A empresa tem matéria-prima para produzir 1,5 milhão de frascos, sendo que 1 milhão já foi distribuído. Além disso, em parceria com a Raízen, faz o envasamento de álcool 70% também para doação. Nesse caso, são 2 milhões de frascos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Renée Pereira

Estadão Conteúdo

Recent Posts

Latam amplia em 12% voos no Brasil em 2025, com quatro novas rotas domésticas

A Latam vai operar 348 voos domésticos por dia no Brasil em 2025, 12% a…

12 horas ago

ANP aprova acordo de cooperação com Serpro no âmbito do RenovaBio

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou um acordo de cooperação…

12 horas ago

Correção: Lula faz evento para tornar oficial programa de repactuações de rodovias

A matéria publicada anteriormente continha uma incorreção sobre a nome da concessionária do trecho da…

14 horas ago

Brasil vive momento histórico sobre concessões, com melhor entendimento público, diz Lula

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o País vive um…

16 horas ago

Renan Filho: governo analisa 4 repactuações de rodovias, encaminhou 8 para o TCU e reprovou 2

O ministro dos Transportes, Renan Filho, apresentou o balanço dos trabalhos que compõem o "Programa…

17 horas ago

Claro lança oferta de celular para fisgar público que ainda não aderiu ao 5G

A Claro fechou parceria com a Motorola para lançar uma oferta de celular 5G com…

17 horas ago