Há 18 anos, a vendedora ambulante Gláucia Santos, de 44 anos, sai de casa na zona norte do Rio até o largo da Carioca, região de grande movimento no centro da cidade, para montar sua banca de roupas femininas. “É uma vida difícil. A gente nunca sabe quanto vai ganhar e o dinheiro que entra já tem dono: a companhia de energia elétrica e o supermercado. Lá em casa, não existe esse negócio de fazer poupança.”
Há um mês tudo mudou: com as medidas de isolamento social tomadas para reduzir a curva de contágio pela covid-19, os clientes desapareceram e ela ficou sem renda. “Quando soube do benefício de R$ 600, a esperança voltou. Era uma oportunidade de conseguir passar o mês com aperto, mas com alguma ajuda. Mas durou pouco. O aplicativo exige o nome da mãe para fazer o cadastro, mas eu não tenho essa informação. Fui a uma agência da Caixa outro dia, enfrentei uma fila quilométrica, e não resolveram. Não tem onde reclamar.”
Colega de Gláucia, a ambulante Juliana do Carmo, de 28 anos, teve um problema parecido. Ela foi a uma agência logo nos primeiros dias em que o benefício começou a ser distribuído, na expectativa de conseguir pessoalmente o cadastro que não conseguiu fazer pela internet. “Tinha um dinheiro guardado, mas já acabou. No aplicativo, dizem que meu CPF está irregular. Não entendo qual é o problema. O problema é que as agências estão tão cheias.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Douglas Gavras
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