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Dólar termina a semana em R$ 5,23, por ruído político e exterior

O dólar teve dia de queda no exterior, mas aqui o movimento foi limitado por ruídos políticos. O dólar à vista teve dia volátil e acabou fechando em leve baixa, interrompendo uma sequência de quatro altas seguidas. Já o dólar futuro para maio, em dia de baixa liquidez, operava a maior parte do dia em alta, mostrando que a cautela prossegue nas mesas de câmbio. Na semana, o dólar acumulou alta de 3%, encerrando a sexta-feira em R$ 5,2369. No ano de 2020, avança 30%.

O dólar chegou a bater no início da tarde em R$ 5,27 no mercado à vista e R$ 5,28 no mercado futuro, levando o Banco Central a anunciar oferta não programada de swap cambial. A venda de US$ 500 milhões conseguiu acalmar pontualmente os investidores, mas operadores destacam que após a saída do ministra da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e das declarações ontem à noite de Jair Bolsonaro contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, aumentaram as dúvidas sobre a relação do Planalto com os parlamentares, em um momento já tenso por conta das incertezas sobre os desdobramentos da pandemia do coronavírus.

Os estrategistas do banco americano Citi em Nova York observam que, após a saída de Mandetta, é preciso monitorar três pontos: se o novo ministro vai continuar nas próximas semanas apoiando o isolamento social; as implicações da troca de ministros nos níveis de popularidade de Bolsonaro; qual a reação de Bolsonaro caso sua popularidade recue.

Sem entrar nas implicações políticas, o estrategista e sócio da TAG Investimentos, Dan Kawa, avalia que o novo ministro da Saúde parece ter experiência como gestor no ramo e, em seu discurso de posse, manteve “grande parte das diretrizes recomendadas pelos órgãos internacionais”. Por hora, não parece haver mudança brusca de posicionamento federal na área, avalia o gestor.

A semana foi marcada por fortalecimento do dólar no exterior. Hoje, o ex-diretor do BC e sócio da Ibiuna Investimentos, Mario Torós, disse que é uma discussão difícil se este movimento, que marcou os últimos “três a quatro anos”, vai continuar, havendo divergências dentro da próxima gestora. “Hoje ainda não há elementos para dizer que esse cenário de dólar forte se reverteu. Podemos estar próximos desse fim”, disse em evento hoje pela internet.

“O movimento do real não é só do Brasil, tem como principal componente o desempenho do dólar no mundo”, disse Torós. O gestor contou que tinha posição em moedas de emergentes, por meio de opções, mas optou por reduzir esta aposta com a crise do coronavírus. Sobre o BC, ele avalia que a instituição “fez o que tinha que fazer”, dando liquidez ao mercado. Torós ressaltou que o momento é de incerteza alta e afirmou estar “relativamente pessimista” sobre a retomada da economia mundial e que a China é um exemplo de que este processo pode não ser tão simples.

Por Altamiro Silva Junior

Estadão Conteúdo

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