As perdas contabilizadas em março pelas operadoras de turismo devido ao impacto das medidas adotadas para conter a pandemia do novo coronavírus já equivalem a 25% de todo o faturamento de 2019.
A perda já acumula 3,9 bilhões de reais em cancelamentos e adiamentos de viagens. Destes, 3,5 bilhões são referentes ao primeiro semestre do ano, 350 milhões são perdas previstas para o segundo semestre e 50 milhões para 2021.
Os dados foram divulgados na terça-feira (14) pela Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa). De acordo com a associação, 90,4% dos embarques de março foram cancelados ou adiados. Os consumidores também cancelaram ou adiaram 96,2% das viagens de abril, 94,2% das viagens de maio e 63,5% das viagens de junho.
Nem mesmo previsões atuais mostrando uma tendência de normalização a partir de agosto evitam novos cancelamentos: 26,9% das viagens previstas para o segundo semestre também já foram canceladas e enquanto este número é de 3,8% para as viagens previstas para 2021.
Os dados referentes a março confirmam o temor do mercado sobre as empresas do setor. Como já estamos na metade de abril e a paralisação continua, o retrato atual deve ser ainda mais severo. A expectativa é de manutenção do impacto negativo no curto prazo para as ações de CVC (CVCB3), Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4), representantes do setor na bolsa de valores.
Assim como as viagens já marcadas, as vendas de novos embarques foram severamente afetadas pela pandemia. De acordo com a pesquisa, 91% das agências de turismo esperam terminar abril sem vendas. Para o ano, 59% das empresas preveem uma queda acima de 50% na receita em 2020.
Metade das empresas do setor acredita que a retomada das vendas se dará ainda em 2020 sendo que uma parcela de 12% aposta que a recuperação pode ocorrer até o mês de julho, e 36% vê o segundo semestre como momento de retomada. Para 43% das operadoras, a comercialização de viagens voltará ao normal apenas em 2021.
O balanço da associação aponta que a retomada prevista para o segundo semestre deve começar por viagens domésticas, que são mais acessíveis financeiramente e transmitem maior segurança aos viajantes.
A visão sobre o setor de companhias aéreas e de turismo permanece bastante negativa, apesar da forte queda no preço das ações em 2020. O risco é muito alto e a visibilidade ainda é baixa sobre o término da quarentena e a normalização da economia.
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