Em novo dia de baixo volume de negócios, o dólar teve sessão volátil e chegou a bater em R$ 5,21 pela manhã, mas acabou terminando a terça-feira perto da estabilidade. Com agenda local esvaziada, o mercado de câmbio acabou seguindo o exterior, onde o dólar teve dia de enfraquecimento. No final do dia, o dólar à vista fechou em leve alta de 0,13%, a R$ 5,1901. Já o dólar futuro para maio caiu 0,75%, acompanhando outras moedas emergentes, para R$ 5,1675.
O dólar começou a terça-feira em queda, com a divulgação de dados melhores que o esperado do comércio exterior da China, mas passou a subir acompanhando o petróleo.
A commodity operava em alta no mercado futuro, mas começou a despencar no final da manhã em meio a crescentes preocupações sobre o descompasso entre a oferta e a demanda do óleo, estressando também os mercados de moedas emergentes. Os economistas da consultoria inglesa Capital Economics avaliam que o corte de produção anunciado pela Opep+ foi recorde, mas mal oferece alívio diante dos temores sobre os rumos da commodity.
“Quando o petróleo começou a cair, o dólar passou a subir. À tarde, o mercado teve pouca liquide e poucos negócios e o câmbio voltou para o eixo, com lá fora também se acalmando”, disse o responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagen.
A terça-feira foi marcada por nova rodada de previsões preocupantes para o desempenho da economia mundial e da América Latina, o que ajudou a pressionar o câmbio mais cedo.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê a pior recessão este ano para a economia mundial desde a crise de 1929. Para a América Latina, a Moody’s Analytics vê o Produto Interno Bruto (PIB) despencando 5,5% este ano, com o Brasil recuando 6% e o México, 6,5%.
Mas ao menos para os mercados de moedas da América Latina, o economista da Moody’s, Juan Pablo Fuentes, acha que o pior impacto pode ter ficado para trás, na medida em que as divisas têm mostrado mais estabilidade nos últimos dias, embora em níveis depreciados.
O pior impacto das saídas de capital externo das bolsas e da renda fixa da região pode já ter ocorrido, destaca Fuentes, citando que em março saíram quase US$ 15 bilhões da região. “Provavelmente o pior momento para as saídas de capital foi março. Esperamos certa estabilização nas saídas em abril”, disse Fuentes. “Esperamos regresso dos capitais estrangeiros à medida que as economias comecem a se recuperar até o final do ano.”
A S&P Global Ratings espera que o maior impacto negativo do coronavírus na América Latina deve se concentrar neste segundo trimestre e que os países cresçam pouco mais de 2% em 2021, disse o economista-chefe da agência de risco, Elijah Olivero-Rosen.
Pesquisa do Bank of America com gestores que aplicam na América Latina mostra que 76% veem o dólar terminando o ano abaixo do nível atual, a maioria na casa dos R$ 4,80 a R$ 5,00.
Por Altamiro Silva Junior
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