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Itaú Unibanco vai doar R$ 1 bilhão para combater coronavírus

'Ação do País na proteção da Amazônia é pobre', diz presidente do Itaú (Foto: Reprodução / Facebook)

Candido Bracher, presidente executivo do Itaú Unibanco, anunciou na manhã desta segunda-feira (13) que o banco vai doar R$ 1 bilhão para o combate ao coronavírus. O dinheiro será destinado para a Fundação Itaú Unibanco e visa apoiar medidas de contenção à pandemia.

Sete especialistas do setor reuniram-se em um grupo denominado Todos Pela Saúde, que será coordenado pelo médico Paulo Chap Chap, presidente do Hospital Sírio Libanês, e terá a participação do conhecido médico Drauzio Varella, especialista em oncologia e em educação da saúde, e de Sidney Klajner, presidente do grupo hospitalar Albert Einstein. Todos os profissionais da saúde são voluntários e trabalharão pró bono.

Segundo Bracher, os recursos ficarão à disposição do Todos Pela Saúde e serão resgatados conforme a necessidade. Chap Chap informou que as iniciativas estão agrupadas em quatro eixos.

O primeiro é disseminar conhecimentos entre a população em geral sobre as medidas de proteção, como o uso de máscaras e as etiquetas de fatores contaminantes, como tosse e espirro. As atividades para esse fim serão realizadas em parceria com o poder público.

O segundo eixo é a proteção dos profissionais de saúde, que estão na linha de frente do enfrentamento da epidemia, aumentando seu acesso a equipamentos de proteção. Além disso, disse Chap Chap, os recursos visam também orientar e atualizar os profissionais da saúde em protocolos e terapias, como o uso intensivo da telemedicina.

O terceiro eixo é o cuidado com os que foram contaminados pelo vírus. Segundo Chap Chap, haverá “comitês de crise”. Em caso de necessidade, esses comitês permitirão alocar recursos com mais agilidade do que seria possível pelo poder público, atuando em parceria com as esferas de gestão pública da saúde, tanto federal quanto estaduais e municipais.

O quarto eixo é o planejamento da retomada das atividades após o pico da crise ser superado.

FORTALECIMENTO DO SUS – Segundo Varella, uma das metas de longo prazo da iniciativa é que, após a pandemia, o Sistema Único de Saúde (SUS) será mais organizado e mais eficiente. “O SUS não recebe seu devido valor, a sociedade reza para não precisar por os pés no SUS, mas ele é um dos sistemas mais abrangentes do mundo”, disse o médico.

Segundo Varella, o sistema tem vários pontos bem-sucedidos, como os programas de vacinação, de transplante de órgãos e de hemodiálise, que são estruturados a nível nacional. “Os problemas do SUS são falta de gestão e falta de recursos, que foram minguando com o passar dos anos”, diz ele. “Hoje, os sistemas de saúde em todo o mundo estão sendo submetidos a um stress absurdo, e é questão de tempo para que isso ocorra no Brasil também, por isso temos de fortalecer o SUS e torna-lo mais eficaz.”

A iniciativa foi comunicada ao ministro da Saúde, Henrique Mandetta, mas foi idealizada sem sua participação ou de membros do Ministério da Saúde.

ISOLAMENTO E CLOROQUINA – Todos os sete profissionais da saúde que participaram do lançamento defenderam a manutenção do isolamento social e questionaram a utilização da cloroquina como medicamento para tratar o coronavírus. Ambas as teses têm sido defendidas pelo presidente da República, em uma clara oposição às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde.

“Vamos nos ater às demonstrações científicas”, diz Varella. “As evidências são de que o isolamento é importante para evitar o colapso.” Segundo ele, no caso da cloroquina, tem havido uma mudança de posições de órgãos internacionais, como o Center for Disease Control (CDC), principal agência de saúde pública dos Estados Unidos.

“O CDC a princípio admitiu [o uso da cloroquina] como possível, e agora avalia que não há evidências de eficácia. O governo da Suécia, que a princípio admitia o uso, agora também proibiu.”

Klejner, do Einstein, foi pela mesma linha. “Não há evidências robustas que justifiquem a utilização [da cloroquina].”

ACIONISTAS DO ITAÚ – Respondendo a uma questão do Mercado News, Bracher avaliou o impacto da decisão nos resultados e na percepção do Itaú Unibanco por parte de seus acionistas minoritários. As ações PN do banco (ITUB4), que são um dos papéis mais negociados na B3, iniciaram o dia com queda de 1,6 por cento durante a divulgação da iniciativa, e fecharam a manhã com uma leve alta de 0,1 por cento. Segundo Bracher, a despesa se justifica.

“Nenhuma instituição pode ser melhor do que o país em que ela se encontra, e nenhuma instituição financeira pode ter sucesso em um país que se deteriora”, diz ele. “Nossa primeira responsabilidade é cuidar da nossa casa, e estou certo que nossos acionistas saberão reconhecer que o Itaú Unibanco está assumindo sua responsabilidade como cidadão corporativo.”

Além de Chap Chap, Klajner e de Varella, integram o grupo Gonzalo Vecina Neto, ex-presidente da Anvisa; Maurício Ceschin, ex-diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde (ANS); Pedro Barbosa, presidente do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e Eugênio Vilaça Mendes, consultor do Conselho dos Secretários de Saúde (Conass).

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