Depois de cogitar, na última quinta-feira, 9, o uso da Polícia Militar para garantir o isolamento social no Estado de São Paulo, o governador João Doria (PSDB) disse nesta segunda-feira, 13, em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, que serão agentes da Vigilância Sanitária que devem começar a visitar comércios e outros estabelecimentos não essenciais que insistem em ficar abertos em meio à quarententa contra o novo coronavirus. O que a PM fará é dar apoio a esses agentes.
Doria havia recebido críticas de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro após o anúncio da medida, classificada como autoritária, e chegou a ser alvo de um protesto na Avenida Paulista neste fim de semana. O governador disse que as críticas vinham de “pequenos grupos” e afirmou que não está “preocupado” com essas manifestações, “que têm espírito político”. “A elas, o meu distanciamento. Prefiro ficar com a medicina”, disse Doria.
Serão 200 agentes de vigilância sanitária, que irão a locais já mapeados pelo Sistema de Monitoramento Inteligente (Simi), do governo estadual, que está listando os locais através de denúncias. Os agentes, segundo Doria, também irão orientar pessoas aglomeradas em locais públicos – mas sem o estabelecimento de multa ou outras punições. Na capital paulista, epicentro da doença, a vigilância sanitária municipal reforçará a ação, e o Estado espera o mesmo dos demais municípios.
Doria disse que não comentaria entendimento da Procuradoria Geral da República e da Advocacia Geral da União de que caberia ao presidente da República decisões sobre o isolamento, não a governadores. Entretanto, afirmou que, no Brasil, são os Estados que coordenam, regionalmente, as ações de educação, saúde e segurança. “As incidências dos vírus não são iguais em todos os Estados”, disse o governador, ao pedir manutenção do respeito ao pacto federativo.
Isolamento social em SP fica em 59% no domingo
O governador classificou como “boa notícia” o índice de isolamento social no Estado ter atingido 59% no úlitmo domingo, 12, dia de Páscoa. O governador, o secretário da Saúde, José Henrique Germann, e o infectologista David Uip, que coordena o Centro de Contigência do Covid-19 em São Paulo, viram uma evolução no dado em relação a índices da semana passada (na quinta-feira, o índice foi de 47%, e foi subindo gradualmente até domingo).
“É um índice extremamente importante no mundo democrático”, disse Uip. Entretanto, o dado considerado ideal pelo próprio governo é uma taxa de 70% de isolamento no Estado, dado que ainda não foi atingido desde que esse monitoramento, feito a partir de informações de antenas das operadoras de celular, passou a ser feito, há duas semanas.
A taxa ideal, segundo o governo, seria de 70% de pessoas isoladas em casa. Esse é o índice, segundo os técnicos, que é capaz de retardar o avanço da covid-19 de forma a impedir o colapso do sistema de saúde, o que pode acarretar em um aumento expressivo do número de mortes.
Uip, entretanto, afirmou que uma coisa seria comemorar o índice, mas outra é manter o alerta para a gravidade dos dados. Em São Paulo, nesta segunda, há 836 pessoas internadas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) por causa do coronavírus.
“Foi uma boa resposta da população e eu tenho convicção de que a maioria dos brasileiros de São Paulo é a favor” das medidas de isolamento social, disse o governador.
Por Bruno Ribeiro
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