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Associações condenam uso indiscriminado da cloroquina e da hidroxicloroquina

A Associação Brasileira de Ciências (ABC) e a Associação Nacional de Medicina (ANM) divulgaram neste domingo, 12, uma nota conjunta na qual condenam o uso indiscriminado da cloroquina (CQ) e da hidroxicloroquina (HCQ) no tratamento da covid-19, sob a alegação de que ele “não está apoiado em achados científicos robustos”. A nota ressalta ainda que efeitos colaterais significativos foram constatados como arritmia cardíaca, toxicidade hepática e problemas de visão.

O presidente Jair Bolsonaro é um dos maiores entusiastas do uso desses medicamentos no tratamento da covid-19. Ele já defendeu a adoção dessa terapia em cadeia nacional, ao mesmo tempo em que condenou as políticas de isolamento social adotadas pelos governos e prefeituras.

A nota conjunta é assinada pelo presidente da ABC, Luiz Davidovich, e pelo presidente da ANM, Rubens Belfort Mattos Junior. No texto, os dois especialistas lembram que, a partir de algumas constatações in vitro, estão sendo desenvolvidos estudos clínicos com o objetivo de confirmar a eficácia do tratamento desses medicamentos na covid-19, mas que, até agora, nada de conclusivo foi encontrado.

“Alguns desses estudos, testando poucos pacientes, encontram-se publicados até este momento e são, portanto, preliminares”, ressalta a nota. “Os resultados desses estudos preliminares são controversos. Alguns estudos sugerem boa eficácia em alguns parâmetros clínicos (nenhum deles indica a melhora de sobrevida) e outros sugerem inclusive risco à saúde dos pacientes com covid-19 que usaram a medicação. Não há, portanto, qualquer evidência comprovada clinicamente do benefício do uso da CQ ou HCQ e há relatos de efeitos colaterais potencialmente significativos.”

As academias de medicina e ciências lembram ainda que, além da necessidade de prova científica da eficácia clínica dos medicamentos no tratamento da covid-19, há outras questões importantes que seguem em aberto, como o esquema de tratamento e o período do ciclo da doença em que eles deveriam ser empregados.

“Assim, enquanto não estiverem disponíveis os resultados dos estudos clínicos que estão sendo conduzidos no mundo todo com esses dois medicamentos, testando número adequado de pacientes e de acordo com as melhores práticas científicas, seus usos no tratamento dos portadores da covid-19 devem ser restritos a recomendações de especialistas, com consentimento do paciente ou de sua família e cuidadoso acompanhamento medico”, sustenta a nota.

A nota lembra ainda que a experiência científica já demonstrou mais de uma vez que o uso precipitado de um medicamento, baseado apenas em resultados preliminares, “pode trazer consequências graves e irreparáveis para a população”, além de afetar negativamente o avanço dos estudos de outros compostos eventualmente mais eficazes.

Por Roberta Jansen

Estadão Conteúdo

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