Diante da crise do coronavírus e seu grave impacto na economia, o setor aéreo tem se aproveitado do segmento de transporte de cargas para levantar recursos. No primeiro trimestre de 2020, antes do caos do coronavírus, a Azul Cargo Express, unidade de cargas da Azul, teve crescimento de receita de 36% na comparação com 2019. A empresa, entretanto, se prepara para enfrentar as dificuldades da pandemia, cujo prazo e intensidade ainda são desconhecidos, afirmou a diretora da Azul Cargo Express, Izabel Reis, em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
“Estamos tendo dificuldade para realizar as entregas. Inclusive está tendo uma movimentação forte no mercado”, disse ele.
Os desafios não se limitam ao transporte aéreo. “João Pessoa eu atendia de avião. Agora eu vou até Recife (por causa da malha aérea reduzida) e depois o produto vai de caminhão. Estamos com dificuldade para contratar esse frete rodoviário por causa da demanda elevada”, disse.
A Azul Cargo Express tem cerca de 240 lojas franquiadas em todo o País, que ajudam no processo de retirar a encomenda da casa do cliente e na entrega (o first-mile e last-mile, no jargão do setor). A empresa atende cerca de 3.500 municípios brasileiros.
Além das duas aeronaves cargueiras Boeing 737 400-F e da utilização dos porões, ou barrigas, dos aviões de passageiros, a Azul Cargo ampliou sua capacidade de oferta com a adaptação de parte da frota de aviões da Azul para o transporte exclusivo de cargas. Com as adaptações, a empresa espera transportar encomendas até sobre as poltronas a partir da semana que vem.
Apesar dos esforços, ainda é cedo para apontar um cenário de receita e faturamento para os resultados dos próximos meses, disse Izabel. Mesmo com as dificuldades logísticas, ela destacou que a demanda deve continuar nas entregas de produtos da área de saúde – para o enfrentamento da pandemia – e principalmente para o e-commerce. “O que vemos no e-commerce é que a demanda não parou e as pessoas estão usando cada vez mais esse serviço, seja por segurança ou porque muita coisa está fechada”, disse, destacando o forte investimento de empresas como a Magazine Luiza.
A empresa conseguiu ainda elevar a sua lucratividade com a maior a participação das encomendas na modalidade Express, que custa mais caro do que a standard (cujo prazo de entrega é maior).
Os ajustes, entretanto, são inevitáveis. Se antes a Azul Cargo conseguia contar com as cerca de 800 decolagens por dia da Azul para transportar produtos na barriga dos aviões de passageiro, hoje o número de decolagens com a malha menor foi para a casa dos 70, disse. “Deixei de atender muitas cidades, mas em contrapartida estamos procurando soluções multimodais. Se eu deixei de atender com avião, então atendemos com caminhão”, afirmou.
Por Cristian Favaro
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