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Taxas fecham em queda com IPCA fraco, dólar e apetite por risco no exterior

A quinta-feira, 9, foi de alívio importante nos prêmios de risco da curva de juros, sobretudo no trecho longo, que encerrou a sessão regular com queda entre 15 e 25 pontos-base ante os ajustes de ontem, dado o desempenho favorável dos mercados internacionais. As curtas também caíram, mas em menor magnitude, puxadas pelo IPCA de março abaixo da mediana das estimativas e já captando os efeitos da pandemia de coronavírus, e ainda com o dólar engatando a quarta sessão seguida de queda. Após a divulgação do índice, as apostas no corte de 0,5 ponto da Selic avançaram pela manhã, chegando a ser claramente majoritárias, mas à tarde, arrefeceram, com o mercado novamente mais dividido.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 3,15%, de 3,203% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2022 caiu de 4,021% para 3,87%, se firmando pela primeira vez abaixo dos 4%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 7,45%, de 7,602%.

As taxas abriram em baixa com o resultado do IPCA, dólar em queda, o Federal Reserve injetando mais até US$ 2,3 trilhões via medidas para empréstimos na tentativa de mitigar os efeitos da pandemia nos Estados Unidos e o presidente do Fed, Jerome Powell, assegurando que a instituição vai prover alívio e estabilidade durante o período de economia retraída. O recuo ganhou força à tarde, quando a moeda americana nas mínimas ficou abaixo dos R$ 5,05 e cresciam as expectativas em torno de um acordo para cortes na produção de petróleo na reunião da Opep+ – frustradas posteriormente por rumores de que a redução deve ser de 10 milhões, vista como insuficiente para estabilizar os preços. Depois disso, houve alguma cautela, mas que atrapalhou mais as bolsas do que a curva a termo.

O economista-chefe da Arazul Capital, Rafael Leão, diz que há maior otimismo de que o pico da curva de contágio esteja próximo, o que sugere redução das incertezas e ajuda na melhora do humor. “Fora as injeções de liquidez por bancos centrais lá fora”, completou. No trecho curto, ele cita a influência do IPCA e câmbio comportado, o que “abre espaço para o BC atuar e dar sequência nos cortes da Selic”.

O IPCA de 0,07% é o menor para meses de março desde 1994, quando foi criado o Plano Real. Em 12 meses, o resultado foi de 3,30%, muito abaixo da meta de inflação para este ano, de 4%. “O índice de preços referencial já está refletindo os impactos econômicos e, a depender do item, deflacionários, que acompanham a crise de Covid-19”, destacaram os economistas da Guide Investimentos. Para a instituição, o crescimento menor do que o esperado dos preços, acompanhado de uma forte queda nas projeções de crescimento da atividade, corrobora com a visão de que há amplo espaço para que o Copom dê sequência ao movimento de redução da taxa Selic.

Contato: denise.abarca@estadao.com

Por Denise Abarca

Estadão Conteúdo

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