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BC vê medidas de liquidez suficientes, mas diz que pode fazer mais se for preciso

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, citou nesta quarta-feira, 8, as medidas já adotadas pelo BC para combater os efeitos econômicos da pandemia do coronavírus. Ele lembrou que as ações já tomadas nos eixos de liquidez e capital chegam a 17% do Produto Interno Bruto (PIB), ante medidas equivalentes a 3% do PIB na crise de 2008.

“Temos mais medidas e estamos sempre olhando para o que precisamos fazer. Achamos que as medidas de liquidez são suficientes, mas faremos mais se for preciso”, afirmou Campos Neto, em conversa virtual organizada pelo Credit Suisse.

Ele detalhou que entre 45% e 50% do custo das pequenas e médias empresas estão na folha de pagamentos. Por isso, ele defendeu o compartilhamento do risco desse crédito com os bancos, citando a linha de financiamento para folha de salários, cujo risco é 85% do Tesouro Nacional e 15% das instituições financeiras. “Pensamos inicialmente até em volume maior em empréstimos para folha, mas entendemos que a linha de R$ 40 bilhões era adequada”, completou.

O presidente do BC apontou que os bancos devem começar a fazer o pagamento das folhas de salários entre esta quarta e a quinta-feira. “Teremos um banco de dados com todas as empresas e CPFs beneficiados. É muito importante ter transparência e vamos acompanhar isso no detalhe”, acrescentou.

Campos Neto rebateu críticas sobre demora na implementação de medidas. “Quando olho outros lugares do mundo, não encontro procedência nessa reclamação. Estamos falando de 10 a 11 dias para começar os desembolsos do programa de folha de pagamento.

Nos Estados Unidos, os primeiros pagamentos demoraram mais, também no programa de renda mínima”, comparou. “Existe consenso de que se a crise perdurar, os países vão convergir para estímulos entre 6% e 7% do PIB”, completou.

O presidente do Banco Central destacou também medidas já tomadas pelo BC, como o uso de debêntures privadas como garantias em empréstimos para os bancos. Segundo ele, já foram negociados R$ 4 bilhões nos instrumentos, de um total de R$ 90 estimados pela autoridade monetária.

“Imaginávamos que em algum momento haveria crise de liquidez e precisaríamos ter garantias com títulos privados. Estávamos planejando para 2021, mas acabamos tendo que antecipar o instrumento”, afirmou ele, na conversa virtual organizada pelo Credit Suisse. “Neste momento, a curva de DI muito inclinada acaba distorcendo o crédito”, citou.

Para Campos Neto, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que autoriza o BC compre crédito diretamente no mercado secundário ampliará muito a capacidade de atuação da autoridade monetária. “A PEC também traz a possibilidade comprarmos títulos públicos de maior prazo”, completou.

Conversa com senadores

O presidente do BC disse que tem conversado com senadores e que combinou mais conversas para defender a aprovação da PEC. “É uma medida nova que traz muita ansiedade. A nossa função é explicar, porque entendemos que a medida é importante. Queremos tranquilizar os senadores de que são medidas que nem sempre iremos usar, mas que são importantes em momentos de crise”, explicou.

Segundo ele, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, também tem defendido nas reuniões de organismos internacionais que os BCs precisam ter certeza de que dinheiro chegará na ponta.

Por Eduardo Rodrigues e Fabrício de Castro

Estadão Conteúdo

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