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BC diz que tem atuado no câmbio e que pode, a qualquer momento, atuar mais forte

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira, 8, que a instituição tem atuado no mercado de câmbio brasileiro e, se for necessário, a qualquer momento, poderá “atuar muito mais forte do que temos feito até então”. O comentário foi feito durante evento virtual com executivos do banco Credit Suisse, entre eles o ex-presidente do BC e atual presidente do conselho da instituição financeira, Ilan Goldfajn.

“Acreditamos e enfatizamos muito o princípio da separação. A diretoria anterior (do BC) acreditava e nós acreditamos também: câmbio é flutuante e existe política para evitar excessos. Política monetária nós fazemos com juros”, disse Campos Neto.

O presidente do BC pontuou ainda que parte do mercado financeiro advogava programas mais agressivos no mercado de câmbio. Campos Neto, no entanto, disse que o entendimento é de que é importante dar liquidez ao câmbio, sem influenciar os preços.

“O real se desvalorizou muito, mais que outras divisas”, reconheceu o presidente do BC. “Nos últimos meses, o Brasil teve depreciação cambial um pouco maior”, acrescentou, reforçando que o BC está preparado para “fazer algo maior” se necessário.

Campos Neto também citou, na conversa com o Credit Suisse, as operações de over hedge como um fato que elevava a compra de dólares no Brasil.

Em 31 de março, o governo encaminhou ao Congresso uma medida provisória (MP) para dar fim ao over hedge (ou hedge excedente).

Pela MP, o BC atuou para eliminar a distorção tributária relacionada a investimentos feitos por instituições financeiras brasileiras em outras sociedades no exterior. O objetivo é eliminar a necessidade do hedge excedente nestas operações, o que pode contribuir para reduzir a volatilidade nos mercados de dólar futuro e cupom cambial no Brasil.

Contratos

O presidente do Banco Central enfatizou que o cumprimento dos contratos é muito importante agora para se evitar uma crise mais profunda. “Do ponto de vista do governo, é melhor ter um resultado fiscal um pouco pior, mas com a garantia de cumprimento dos contratos, com segurança jurídica”, afirmou.

Campos Neto avaliou que a crise gerada pela pandemia do novo coronavírus deve levar a mudanças geopolíticas importantes, com impacto para as econômicas emergentes. “Temos hoje um modelo de especialização de cadeia de produção de valor que permitiu que alguns insumos e bens médicos se concentrassem em apenas alguns países como China e Índia”, detalhou.

O presidente do BC considerou que essa mudança pode levar a um crescimento menor da economia mundial por mais tempo. “Estudos mostram que concentração de produção em alguns países foi capaz de melhorar vida das pessoas, mas a cadeia global de valor pode sair da crise com situação diferente”, completou.

Campos Neto participou pela manhã do evento virtual “Conversa com Campos Neto”, promovido pelo Credit Suisse.

Por Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues

Estadão Conteúdo

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