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Juros fecham em queda com Mandetta e maior apetite pelo risco no exterior

Os eventos externos e o alívio com a permanência do ministro da Saúde, Henrique Mandetta, no cargo continuaram sustentando o movimento de queda nos juros futuros na terça-feira à tarde, mas na última hora de negócios o movimento já perdia força com a hesitação dos ativos em Wall Street e, aqui, com o dólar moderando as perdas e voltando à casa dos R$ 5,22. De todo modo, a inclinação da curva caiu um pouco, com os longos recuando com mais intensidade em relação aos vencimentos curtos.

As vendas do varejo vieram melhores do que boa parte do mercado esperava, mas por se referirem a fevereiro, são vistas como retrovisor e não chegaram a fazer preço.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) fechou em 3,210%, de 3,273% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2022 caiu de 4,161% para 4,06%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 7,74%, ante 7,843% na segunda-feira. O dólar à vista, que nas mínimas do dia atingiu R$ 5,1847, fechou em R$ 5,2264.

O dia foi favorável a ativos de economias emergentes, com base em relatos de estabilização do ritmo de expansão da pandemia na Europa e um dia sem mortes na China, além de sinais de ampliação de injeção de liquidez pelos principais bancos centrais. Nesse contexto, o câmbio a se valorizou e contribuiu para a devolução de prêmios na curva.

“O principal vetor para o DI hoje foi a cesta de moedas”, disse o operador de renda fixa da Terra Investimentos, Paulo Nepomuceno. “E, também, apesar do ruído, Mandetta ficou”, completou.

A confirmação de que o ministro seguiria no cargo veio na segunda-feira após o fechamento dos negócios, o que acabou repercutindo na terça durante todo o dia.

Na avaliação de Nepomuceno, trocar Mandetta agora só agravaria a percepção sobre o risco político, trazendo mais inclinação à curva. “Seria trocar o cirurgião com a cirurgia em andamento”, ilustrou.

Entre os especialistas, a aposta é de que no Brasil o pico do surto se dará nas próximas semanas, quando a economia deverá sofrer ainda mais. Até por isso, os números positivos da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) – crescimento de 1,2% nas vendas em fevereiro ante janeiro contra mediana das estimativas que apontava queda de 0,45% – não geraram reação. “A pesquisa está defasada. Março será ruim e abril, pior ainda”, disse Nepomuceno.

Nessa toada, prosseguem revisões pessimistas para o Produto Interno Bruto (PIB) este ano. O Itaú Unibanco revisou seu número de -1,8% para -2,5%, com Selic a 2,5% no fim de 2020. O BNP Paribas vai além e agora espera retração de 4%, ante previsão anterior de -1%.

Na curva de juros, há consenso sobre queda da Selic na reunião do Copom em maio, mas não sobre o tamanho do corte. A precificação indica 73% de chance de redução de 0,25 ponto porcentual e 27% de probabilidade de alívio de 0,50 ponto. Os números são da Quantitas Asset.

Por Denise Abarca

Estadão Conteúdo

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