A Bolsa fechou em queda, com o Ibovespa abaixo dos 70 mil pontos e, no acumulado dos cinco pregões, caiu 5,30%, devolvendo apenas parte dos ganhos (+9,48%) da semana passada. A sexta-feira, 3, foi de grande volatilidade nos mercados global e doméstico, onde nem a forte recuperação dos preços do petróleo (de dois dígitos) foi capaz de animar o investidor em renda variável e afastar o “risk-off” das mesas de operação.
O Ibovespa encerrou o dia com queda de 3,76% aos 69.537,56 pontos.
Entre a máxima intraday (72.241 pontos) e a mínima (67.082 pontos), a diferença foi de quase 5 mil pontos. Todas as blue chips fecharam o pregão em queda, com destaque para Vale ON (-5,33%) e Banco do Brasil (-5,63%). As ações da Petrobras também fecharam com variação negativa, mas bem mais leve (-0,71% ON e -1,10% PN).
O analista da Mirae Asset Corretora, Pedro Galdi, observa que a sexta-feira já começou com notícias negativas vindas do exterior, além do noticiário sobre a pandemia da covid-19.
Os indicadores sobre atividade na Europa e, em seguida, o indicador sobre mercado de trabalho nos Estados Unidos mostraram um quadro ruim da economia, mesmo ainda não representando plenamente os efeitos provocados pela quarentena e sobrecarga do sistema de saúde em muitos países.
Segundo um operador, a sessão na Bolsa brasileira foi marcada por mais saída do investidor estrangeiro. “Hoje o maior volume das operações de venda está sendo feita pelos ‘gringos'”, diz o profissional que, assim como Galdi, não descarta a possibilidade de a Bolsa brasileira ter variação positiva na segunda-feira. “Mas é difícil de prever. Isso vai depender do noticiário no fim de semana”, observa o analista da Mirae.
O diretor da gestora Empírica Investimentos, Leonardo Calixto, concorda e afirma que o grau de incerteza ainda é muito grande. “Há muita incerteza. Mas, para nossa surpresa, ainda não observamos no segmento de pequenas e médias empresas em que estamos efeitos práticos dessa crise. O nível de pontualidade nos pagamentos dos emissores que estão na carteira dos fundos que é, na média, de 90%, está na faixa de 80%”, disse o gestor.
Mesmo tendo sido descartada oficialmente pelo governo, uma eventual demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, não seria bem recebida pelo mercado na avaliação de um gestor no mercado de ações que pediu para não ser identificado.
O ministro é muito bem avaliado pelos agentes econômicos, segundo esse profissional, e a sua saída geraria “confusão”. Na quinta, o presidente Jair Bolsonaro disse que ele e Mandetta não estão “se bicando” há algum tempo.
Por Karla Spotorno
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