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Mais de 30% das empresas perceberam impacto de coronavírus em março, revela FGV

Mais de 30% das empresas de todos os setores já sentiram os impactos da pandemia de coronavírus sobre seus negócios em março, de acordo com levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV). A instituição incluiu nas suas sondagens do mês tópicos especiais para pesquisar os efeitos da crise sobre empresas e consumidores.

Em março, a indústria foi o setor mais afetado, com 43% das empresas reportando impactos do coronavírus sobre seus negócios no mês. Em seguida, vêm o comércio (35%) e os serviços (30,2%). Em todos os setores, a expectativa é de aumento dos efeitos negativos nos próximos meses: 68,5% da indústria, 59,1% do comércio e 49,7% dos serviços.

“Neste último caso dos serviços, é possível que as empresas não percebessem, no início do período, como a política de isolamento afetaria seus negócios”, escrevem os pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, Rodolpho Guedon Tobler e Viviane Seda Bittencourt, que assinam o estudo. Eles lembram que a coleta foi realizada entre os dias 1º e 25 de março – e que as medidas restritivas no País começaram apenas no dia 15.

Na indústria, os impactos ficaram concentrados nos segmentos de Petróleo e biocombustíveis (88,3%) e Química (61,4%), que citaram risco de redução da demanda externa e de falta de fornecimento de insumos importados. Com relação aos impactos nos meses seguintes, 15 dos 19 segmentos pesquisados pela FGV tiveram porcentuais acima de 50% das empresas projetando efeitos negativos, com destaque para máquinas e materiais elétricos (91,5%), petróleo e biocombustíveis (90,5%), limpeza e perfumaria (90,2%) e informática e eletrônicos (89,4%).

No comércio, a maior parte dos impactos atingiu revendedores de bens duráveis e semiduráveis em março. Os setores mais afetados foram veículos, motos e peças (46,4%), material para construção (39,9%) e tecidos, calçados e vestuário (37,2%), e apenas 18,8% dos hiper e supermercados reportaram problemas no mês.

Com relação aos próximos meses, os setores que esperam piores efeitos são vestuário e calçados (74,7%), veículos automotores (71,6%) e móveis e eletrodomésticos (71,5%).

No setor de serviços, o maior impacto em março foi sentido nos serviços de informação e comunicação (35,9%), seguidos pelos serviços prestados às famílias (35,2%) e pelos transportes e serviços auxiliares a transportes e correios (34,0%). Para os próximos meses, os transportes têm a maior expectativa de efeitos negativos (62,9%), seguidos pelos serviços às famílias (54,5%).

Por Cícero Cotrim

Estadão Conteúdo

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