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Medidas de aumento de liquidez têm impacto total de R$ 1,2 trilhão, diz Ipea

As medidas de aumento de liquidez anunciadas até aqui pelo Banco Central (BC) para mitigar os impactos negativos da pandemia do novo coronavírus na economia têm um impacto total de R$ 1,2 trilhão, equivalente a 17% do Produto Interno Bruto (PIB), nos cálculos da equipe de macroeconomia do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Já as medidas de cunho fiscal anunciadas até o momento pelo governo somam R$ 150 bilhões em termos diretos, mas chegam a R$ 300 bilhões quando incluídas ações voltado ao crédito direto para empresas.

Os cálculos sobre os valores foram publicados numa seção da Carta de Conjuntura do Ipea, publicada nesta segunda-feira, 30, no site da instituição, na qual os pesquisadores também anunciaram novas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020. As estimativas, que variam conforme a duração do período de isolamento social por causa da covid-19, consideram uma rápida recuperação no terceiro trimestre, hipótese que depende do sucesso das políticas de mitigação adotadas pelo governo.

No caso das políticas de cunho monetário adotadas pelo BC, a “liberação total de liquidez”, de 17% do PIB, é quase seis vezes maior do que os 3,5% do PIB injetados na crise financeira global de 2008, conforme os cálculos do Ipea. “A liberação total de liquidez alcançada pelas medidas é de R$ 1,2 trilhão, valor correspondente a 17% do PIB, bem superior ao montante envolvido na crise de 2008, de R$ 117 bilhões (3,5% do PIB). O impacto potencial sobre o crédito das medidas de liberação de capital é também de R$ 1,2 trilhão”, diz um trecho da seção da Carta de Conjuntura.

Ao resumir as medidas do BC, os pesquisadores lembram que a autoridade monetária, “que havia sinalizado com a manutenção da taxa de juros após reduzi-la de 4,5% para 4,25% a.a. na reunião do início de fevereiro, promoveu um novo corte na reunião de março, para 3,75% a.a”.

“Além disso, o Conselho Monetário Nacional aprovou medidas que facilitam a renegociação de dívidas de empresas e famílias junto ao sistema bancário, ao reduzir as necessidades de provisionamento para créditos de liquidação duvidosa, e diminuiu também as exigências de capital dos bancos para a concessão de empréstimos. Vale lembrar que essas medidas se somam à redução de alíquotas de compulsórios sobre depósitos a prazo, anunciada em 20 de fevereiro, de 31% para 25%, complementada por uma nova redução, para 17%, em 20 de março”, escreveram os pesquisadores do Ipea.

Pelo lado do impacto fiscal, as medidas anunciadas pelo governo até agora somam cerca de R$ 150 bilhões. No entanto, “a intervenção total do governo”, que inclui financiamentos e crédito às empresas, “especialmente as micro, pequenas e médias, já é superior a R$ 300 bilhões”, calculam os pesquisadores.

A equipe do Ipea aproveitou a Carta de Conjuntura para alertar que é importante que as medidas fiscais sejam “de caráter temporário e extraordinário, permitindo a manutenção do teto de gastos sem que isso limite o escopo das ações necessárias à preservação da vida por meio da ampliação da capacidade dos serviços de saúde e da manutenção da renda”.

“Medidas de política fiscal de caráter permanente, que resultem em alta de gastos obrigatórios devem ser evitadas para não colocar em risco o equilíbrio macroeconômico de longo prazo, que poderia prejudicar a recuperação econômica prevista neste texto e poderia gerar custos muito altos em termos de perda de renda e emprego. A aprovação de emendas constitucionais que dessem maior flexibilidade na gestão da política fiscal ajudaria a minimizar esse risco”, diz um trecho da seção da Carta de Conjuntura.

Por Vinicius Neder

Estadão Conteúdo

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