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Mandetta defende menos gente na rua e fala em cenário extremo

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, defendeu ontem a diminuição de circulação de pessoas. Segundo ele, é necessário ter racionalidade e não agir por impulso. Ele afirmou que a paralisação deve ser analisada em cada cidade e Estado, até com a possibilidade de lockdown (fechamento total do comércio e ação policial nas ruas). A única medida que ele descartou foi o fechamento total do território brasileiro. Na visão dele, não seria positivo. “Não existe quarentena vertical (só para idosos), não existe quarentena horizontal. Existe a necessidade de arbitrar num determinado tempo qual grau de retenção que uma sociedade precisa fazer.”

Segundo Mandetta, a determinação de paralisação no País tem reduzido os casos de acidentes e traumas e, por consequência, mais leitos ficam disponíveis para outras situações. Ele afirmou que há registros de até 50% de mudança na taxa de ocupação. E também afirmou que é importante diminuir a sobrecarga do sistema de saúde para que haja tempo de o governo comprar equipamentos de proteção para profissionais de saúde. Segundo afirmou, apesar de o Brasil estar negociando a compra dos produtos com a China, há uma dificuldade de transporte para o Brasil. Em alguns casos, segundo ele, será necessário contratar aviões.

“Mais uma razão para ficar em casa, parados, até que a gente consiga colocar os produtos nas mãos dos profissionais de saúde que precisam. Se a gente sair andando todo mundo de uma vez, vai faltar para o rico, para o pobre, para todo mundo. Tem de ter racionalidade e não nos mover por impulso. Vamos nos mover como eu digo desde o princípio, pela ciência, pela parte técnica e com planejamento”, afirmou.

Segundo ele, quando o governo fala em “colapso” não se refere apenas ao sistema de saúde, mas também à logística. O ministro afirmou que a paralisação de voos em alguns Estados atrapalha a entrega de equipamentos e medicamentos. Segundo ele, o Ministério da Infraestrutura está trabalhando para criar uma estratégia para recompor uma logística nacional de transporte.

“Essa epidemia é totalmente diferente da H1NI”, afirmou, rejeitando qualquer comparação. “Esse vírus ataca o sistema de saúde e sociedade, ataca logística, educação, economia”, afirmou defendendo que as ações sejam guiadas pela ciência e pela parte técnica. “Aqueles que dizem que essa gripe só mata 5 mil, 7 mil… Não é assim a conta”, enfatizou.

O ministro ainda defendeu ação conjunta com os Estados. “Vamos acertar, errar, ter dias bons e ruins. Estamos ainda conhecendo qual vai ser o dano desse vírus”, disse. O ministro afirmou que o trabalho a ser feito será para poupar a vida de todo mundo e reconheceu que o vírus ainda requer muito estudo. “Esta semana vamos construir um consenso com os secretários de saúde. Onde a gente ver que pode estar perdendo a guerra (para a doença), vamos apertar (as restrições).

Onde tiver melhor, podemos afrouxar. Mas vamos devagar e juntos.” Mandetta ainda destacou que, apesar da maioria dos óbitos ocorrer na população acima de 60 anos, não são todos.

Economia. Mandetta ainda afirmou que vai trabalhar com o Ministério da Economia para elaboração de um plano mínimo. “O presidente está certíssimo quando fala que a crise econômica vai matar as pessoas, que a fome vai matar pessoas. Está certíssimo e somos 100% engajados para achar solução com a equipe da Economia”, afirmou. Segundo ele, é preciso logística. “A pessoa não consegue ficar na casa dela, a geladeira fica vazia, o estômago fica vazio. Se a gente não tiver logística, como a pessoa vai encontrar alimento no supermercado?”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Marlla Sabino e Julia Lindner

Estadão Conteúdo

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