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Está claro que recessão será tão forte ou pior que em 2008 e 2009, diz FMI

A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, afirmou nesta sexta-feira, 27, que a pandemia de coronavírus impôs à economia global uma recessão tão forte ou até pior que a registrada durante a crise financeira global de 2008 e 2009.

Em entrevista coletiva virtual, Georgieva projetou que a recuperação deve ocorrer em 2021, dependendo da eficácia das medidas de contenção do vírus e de ações que evitem que o problema de liquidez se torne em um de insolvência. “Uma grande preocupação sobre o impacto duradouro dessa paralisação brusca é com o risco de que a onda de demissões e de falências possam não só diminuir a recuperação, como erodir o tecido das nossas sociedades”, disse.

A diretora da instituição global destacou os mercados emergentes como principais afetados pela instabilidade, com considerável fuga de capitais em um cenário de aversão ao risco. Segundo ela, em uma estimativa conservadora, esses países vão precisar de cerca de US$ 2,5 trilhões para retomar o crescimento, “para os quais suas reservas domésticas não serão suficientes”.

“Muitos desses mercados emergentes sofrerão uma contração quando as medidas de contenção necessárias cobrarem seu preço e sofrerão com choque da queda a demanda global por suas exportações”, destacou ela, explicando que muitos desses países já enfrentam graves questões domésticas.

Entre os desenvolvidos, a economista búlgara ressaltou que os Estados Unidos já estão em recessão, mas ponderou que o pacote fiscal de US$ 2 trilhões tem potencial para atenuá-la.

A representante do Fundo revelou ainda que o G-20 está trabalhando em um plano de ação coordenado para minimizar os impactos econômicos da covid-19. Ela também destacou que a China está à frente do resto do mundo na contenção do vírus e que é importante para a economia global que o país asiático cresça este ano.

Crédito emergencial

A diretora do FMI revelou que, nos últimos dias, houve “aumento extraordinário” no número de solicitações de crédito emergencial. Em entrevista coletiva virtual, Georgieva disse que, em meio à pandemia de coronavírus, mais de 80 países pediram ajuda ao Fundo. “Normalmente, temos apenas alguns poucos pedidos ao mesmo tempo”, explicou.

Segundo a economista búlgara, várias economias estão registrando aumento das dívidas, que não conseguirão pagar com recursos domésticos. Por isso, ela salientou que o FMI decidiu aprovar um programa de alívio para os países mais pobres. Georgieva disse ainda que o Fundo está revisando seus instrumentos de crédito, “para avaliar o que pode estar faltando em um contexto de crise”.

A diretora também destacou que, embora várias medidas de contenção ao vírus sejam responsáveis por aprofundar a recessão, elas são necessárias para evitar que a crise seja duradoura.

Por André Marinho

Estadão Conteúdo

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