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Bolsa fecha em baixa de 5,51%, mas acumula ganho de 9,48% na semana

Mais uma vez correlacionado ao exterior, o Ibovespa fez uma pausa na sequência de três ganhos e fechou nesta sexta-feira, 27, em baixa de 5,51%, a 73.428,78 pontos, acumulando avanço de 9,48% na semana, o maior desde o início de março de 2016, mas ainda cedendo 29,51% no mês e 36,51% no ano. Como em Nova York e na Europa, os investidores se inclinaram à realização de lucros antes do fim de semana, em meio à progressão do coronavírus nos EUA, que superou a China em número de casos confirmados da Covid-19. A notícia de que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, foi infectado também não passou despercebida, contribuindo para a cautela na sessão.

Por aqui, o pacote do governo em apoio à folha de pagamento das empresas de menor porte e a ajuda mensal de R$ 600 aos trabalhadores informais, aprovada na noite de ontem pela Câmara, foram bem-recebidos, após dúvidas partilhadas entre economistas, inclusive liberais, sobre o tempo de reação do poder público federal à pandemia. Ainda assim, mais do que às respostas domésticas, o mercado parece seguir de perto a curva de evolução da doença, não apenas no Brasil, mas especialmente nos EUA – e ao tempo em que permanecerão em vigor as medidas restritivas para impedir progressão explosiva do novo coronavírus.

A semana trouxe menos volatilidade do que a anterior, o que vinha se refletindo em fechamentos diários na casa de dois dígitos, mais para baixo do que eventualmente para cima. Assim, o giro financeiro diário se mostrou nesta semana mais próximo ao habitual, acima de R$ 20 bilhões, e não mais na casa de R$ 30 bi a R$ 40 bilhões observada nas últimas semanas, mesmo fora das datas de vencimento de opções e futuros. Nesta sexta-feira, o giro foi de R$ 23,7 bilhões, com o Ibovespa tendo oscilado entre mínima de 73.057,12 e máxima de 77.707,88 pontos, após uma sequência de cinco perdas semanais.

O setor de papel e celulose, com Suzano (+17,18%) e Klabin (+6,02%), ficou na ponta positiva do Ibovespa na sessão, seguido por IRB (+4,73%) e CVC (+3,72%) – ao todo, seis ações da carteira teórica conseguiram fechar o dia em alta. Na ponta negativa, Totvs caiu hoje 14,39%, enquanto Yduqs cedeu 13,42% e Cyrela, 11,85%. Entre as blue chips, Petrobras PN perdeu 7,57% e a ON, 10,75%, enquanto Vale ON caiu 4,52%. Os bancos também tiveram desempenho negativo na sessão, com Bradesco PN em baixa de 6,50%, Itaú Unibanco PN, de 5,28%, e Banco do Brasil ON, de 7,38%.

Ainda que o movimento esteja muito no início, e que muitos fatores de incerteza permaneçam no horizonte, “o mercado está começando a fazer conta de novo, com ações acumulando perdas de 60%, 70% (no ano)”, diz Rafael Bevilacqua, estrategista da Levante.

Segundo ele, depois de “muita irracionalidade”, há o começo de entendimento de que não será o “fim do mundo”. “É preciso esperar uns 10 a 15 dias para observar a curva da doença, mas, de momento, não parece que estejamos caminhando para uma situação como a da Itália”, o que permitirá que, em algum ponto, as restrições comecem a ser afrouxadas e a economia aos poucos se normalize, com resultados talvez perceptíveis no terceiro ou quarto trimestre, aponta Bevilacqua.

No curtíssimo prazo, depois da progressão do Ibovespa nesta semana, é de se esperar alguma acomodação até que se tenha maior clareza quanto à doença e aos desdobramentos em torno das medidas restritivas. “É possível que o Ibovespa fique não muito distante do que se viu hoje, em torno dos 75 mil pontos, um pouco acima ou um pouco abaixo, e ainda muito correlacionado ao exterior. Já vimos volatilidade menor nesta semana, que terminou com uma realização até que moderada, normal e bem-vinda”, diz Luís Sales, analista da Guide Investimentos.

Por Luís Eduardo Leal

Estadão Conteúdo

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