O avanço do novo coronavírus está gerando uma onda global de golpes digitais, que se aproveitam da incerteza para roubar dados, obter dinheiro e até servir de ponte para assaltos a residências. Segundo empresas de segurança digital, o movimento já chegou ao Brasil.
Os principais golpes são links falsos, normalmente distribuídos pelo WhatsApp, prometendo acesso a máscaras, álcool gel e exames em domicílio para detecção da covid-19. Também há casos de anúncios com preços abusivos.
Segundo a firma de segurança digital PSafe, 2 milhões de brasileiros foram alvo de golpes na última semana. A empresa detectou 19 golpes e seis apps maliciosos com falsas promessas de benefícios.
Na semana passada, a Ambev foi obrigada a desmentir que estava oferecendo álcool gel gratuito. Era uma página falsa que roubava dados.
Alguns golpes encontrados prometiam gratuidade em serviços de streaming e até pagamento extra para beneficiários do Bolsa Família.
“Páginas de vendas fraudulentas são frequentes, mas a maioria dos casos ocorre por mensagens ou links de informações falsas. As pessoas estão mais vulneráveis agora”, disse Marc Asturias, vice-presidente de Comunicação e Relações Governamentais da Fortinet.
Na semana passada, a Kaspersky divulgou que o WhatsApp havia sido usado como ferramenta de golpistas – um link que prometia informações do governo federal sobre a situação da pandemia foi usado para roubo de informações.
Com os dados, os golpistas podiam acessar contas bancárias para fazer compras e transferências.
Preços abusivos
No domingo, uma caixa com 50 máscaras descartáveis, que em situações normais custaria entre R$ 10 e R$ 15, era vendida no site do Mercado Livre por R$ 797,40. Na descrição do produto, o oportunista argumenta que, “nas circunstâncias atuais, todos sabemos que o suprimento de máscaras é escasso, portanto o preço será mais alto do que o habitual”.
Luciano Benetti Timm, secretário Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça, disse ao Estado que os maiores sites de revendas de produtos do País estão fazendo uma lista com os anunciantes com preços abusivos. “Essa lista será entregue a nós. A regra aplicável é a mesma do Código de Defesa do Consumidor. Abriremos processos sancionadores contra esses anunciantes”, disse.
A punição é uma multa que leva em consideração o faturamento da empresa, podendo chegar até a R$ 9,9 milhões.
O Mercado Livre informou que até agora quase 4 mil publicações (de 2,3 mil vendedores) foram excluídas do site, por aumentos excessivos de preços. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Bruno Romani e André Borges
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