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Bolsa amplia perdas e fecha com queda superior a 5%; dólar fica em R$ 5,13

(Foto: Shutterstock)

Após abrir de maneira estável, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, ampliou as perdas e fechou nesta segunda-feira, 23, aos 63.569,62 pontos, uma queda de 5,22%. Já o dólar continua valorizado e terminou o dia cotado a R$ 5,13. Desde a semana passada, a moeda tem se mantido acima dos R$ 5.

O índice da B3 caiu aos 62 mil pontos por volta das 12h26, influenciado pela MP editada pelo governo – já revogada -, que permitia a suspensão não-remunerada por até quatro meses de contratos de trabalhadores, como forma de combate aos impactos causados pelo novo coronavírus na economia. Às 16h35, o Ibovespa, principal índice brasileiro, caía mais de 6,65%, aos 62.611,72 pontos – uma de suas maiores baixas no dia.

Dólar
Já o dólar abriu as negociações desta segunda com uma alta de cerca de 1%, em meio ao cenário caótico dos mercados financeiros ao redor do mundo. Pela manhã, a moeda flutuva na casa dos R$ 5,06 e continuou subindo ao longo do dia. Desde a semana passada, o dólar tem se mantido acima dos R$ 5 – na sexta-feira, 20, ele fechou cotado a R$5,02.

Quase que diariamente, o Banco Central vem tentando conter a alta da moeda. Apenas nesta segunda, a entidade realizou três leilões à vista de dólares – no último, a taxa de venda era de R$ 5,1170. Ao todo, as três operações somam US$ 739 milhões. No entanto, a medida tem oferecido apenas uma alívio imediato na cotação.

Vale lembrar que a Bolsa brasileira também vem sofrendo grandes perdas desde o agravamento da crise do novo coronavírus, assim como tem acontecido com os mercados europeus, asiáticos e americano. Apenas neste mês de março, a B3 já precisou acionar por seis vezes o ‘circuit breaker’, mecanismo que paralisa as negociações quando o Ibovespa tem quedas superiores a 10%. Antes da crise mundial causada pelo vírus, em janeiro deste ano, o índice chegou a ficar na casa dos 119 mil pontos.

Contexto nacional
O mercado comçou a enfrentar instabilidade logo após a MP editada por Jair Bolsonaro, que foi posteriormente contestada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em entrevista, ele classificou a medida como capenga e cobrou uma solução. Pressionado por diferentes setores, o governo voltou atrás e revogou o trecho que falava diretamente sobre a suspensão de contratos por até quatro meses.

No âmbito federal, ainda há outros fatores que cotinuam influenciando o mercado. Entre eles, estão o frágil ambiente político-fiscal, o IPCA-15 e o Relatório Trimestral de Inflação, além da ata do Copom, com decisão sobre redução da Selic, a 3,75%.

Porém, as questões locais também pesam. No sábado, 21, São Paulo, o maior Estado do País, decretou o fechamento de estabelecimentos até o dia 7 de abril: funcionam apenas os serviços essenciais, como mercados, padarias e farmácias. Além disso, vários governos têm tomado ações individuais para proteger a população local. Entre elas, está o fechamento de fronteiras – decisão que foi duramente criticada pelo ministro da Infraestrutura, Bento Albuquerque.

Nesse sentido, Bolsonaro divulgou na tarde desta segunda, que pretende ajudar os Estados e municípios com recursos federais. Segundo informou em seu perfil oficial no Twitter, o pacote de ajudas envolve medidas como o acesso a novos empréstimos, suspensão de dívidas e transferências adicionais de recursos. Conforme o presidente, serão direcionados R$ 85,8 bilhões em recursos.

No entanto, o Banco Central anunciou também nesta segunda, que a possibilidade dos bancos quebrarem – da mesma forma como aconteceu durante a crise mundial de 2008 -, já foi descartada. O presidente da entidade, Roberto Campos Neto, disse que atualmente as instituições financeiras do Brasil possuem “bastante folga”, além de um “sistema bem provisionado”.

Contexto internacional
O mercado segue rodeado de incertezas, devido às novas medidas que têm sido anunciadas pelos países para conter a disseminação do novo coronavírus, causador da Covid-19. À medida que governos fecham suas fronteiras, restringem comércios e reduzem a circulação de pessoas para tentar conter a disseminação, as economias começam a sentir diretamente o impacto por meio da redução da demanda.

Como ainda não se sabe até onde essas consequências vão, os investidores estão com grau de insegurança muito grande. Em meio a esse caos, governos do mundo inteiro tentam aprovar medidas para blindar suas economias. Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump, tenta passar no Senado, uma medida que deve injetar cerca de US$ 1,5 trilhão na economia. No entanto, na noite do último domingo, 22, não houve acordo. São necessários 60 votos favoráveis, mas a discussão ficou apenas no empate, com 47 a 47.

Bolsas do exterior
Após experimentar uma alta repentina na última sexta-feira, 20, as Bolsas da Ásia fecharam em queda generalizada. A única exceção foi o Japão, que não teve negociações sexa-feira, 20. Para se ter uma ideia do tombo, o índice da Coreia do Sul, o Kospi, chegou a paralisar as negociações no pregão, acionando seu ‘circuit breaker’. Já na Europa, os índices também despencam, com quedas superiores a 4%. Os motivos também são as incertezas nas economias mundiais./SILVANA ROCHA, LUCIANA XAVIER, FABRÍCIO DE CASTRO E FELIPE SIQUEIRA

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