A combinação de políticas de governos e as ações extraordinárias de bancos centrais pelo mundo ajudaram o dólar a fechar em nova baixa. Durante os negócios, a moeda americana chegou a cair abaixo de R$ 5,00, mas acabou não se sustentando nesse nível, em ao noticiário negativo sobre os avanços da pandemia de coronavírus aqui e no exterior. No final dos negócios, terminou em queda de 1,48%, a R$ 5,0267.
Na semana, o dólar acumulou valorização de 4,37%, enquanto no mês sobe 12% e no ano avança 25%.
Após uma linha de swap com o Federal Reserve anunciada ontem, hoje o Banco Central anunciou a realização de operações compromissadas em moeda estrangeira, em estratégia semelhante ao que já tinha tentado durante a crise financeira mundial de 2008.
Para um ex-diretor do BC, estas operações compromissadas têm efeito mais importante nos mercados que o swap com o Fed, uma linha vista mais como garantia e que na crise de 2008 acabou não sendo utilizada.
Já a operação compromissada garante liquidez aos investidores, observa este ex-diretor. Neste momento de extrema incerteza, os papéis na mão dos gestores não têm comprador ou só conseguem vender a preços muitos baixos, ressalta ele. E como os investidores precisam de caixa, o BC “empresta” os recursos com lastro em títulos soberanos.
Na prática, a operação equivale a um “Repo”, acordo de recompra, ressalta este executivo, lembrando que este tipo de operação tem sido muito usada no exterior, principalmente o Fed. Além do Fed, o Banco Central Europeu (BCE) também anunciou um conjunto de acordos com outros bancos centrais.
Na avaliação do economista-chefe para América Latina em Nova York do grupo financeiro ING, Gustavo Rangel, o BC mostra todo seu esforço ao usar as ferramentas possíveis para enfrentar os problemas de liquidez do mercado: swaps, dólar à vista, leilão de linha e agora as operações compromissadas em moeda estrangeira.
Rangel ressalta que esse arsenal tem tido efeito no curto prazo e ajudado o real a andar mais em linha com outras moedas emergentes. Mas ele não descarta que o câmbio continue muito volátil no curto prazo e vê o dólar se mantendo acima de R$ 5 ao menos nos próximos três meses, enquanto avança a pandemia do coronavírus. No segundo semestre, a moeda americana pode testar níveis mais próximos de R$ 4,50.
Nesta sexta-feira, o BC fez um único leilão no mercado de câmbio, já perto do fechamento, de US$ 175 milhões de dólares à vista. Ontem e anteontem foram várias ofertas ao longo do dia. Já na operação de compromissada em moeda estrangeira, o BC informou que tomou US$ 2,9 bilhões.
Por Altamiro Silva Junior
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