A Bolsa de Valores de São Paulo, B3, fechou em queda de 1,85%, aos 67.069,36 pontos, nesta sexta-feira, 20. Pela manhã, o Ibovespa chegou a abrir com uma alta superior na 2,5%, recuperando o patamar de 70 mil pontos, e manteve o ritmo de recuperação até o começo da tarde. No entanto, após as Bolsas Nova York começarem a se firmar em queda, devido ao discurso de Donald Trump sobre impor mais restrições para combater o novo coronavírus, o principal índice brasileiro perdeu o ritmo e não conseguiu retornar nem ao patamar dos 68 mil pontos, alcançado na última quinta-feira, 19.
Essa instabilidade tem sido comum nas últimas semanas e não só no mercado brasileiro. No mundo inteiro, o “sobe e desce” tem se mantido nas Bolsas internacionais. Às 16h, a Bolsa do País se encontrava em uma nova queda, de 2,17%, chegando à casa dos 66 mil pontos.
Já o dólar abriu as negociações desta sexta-feira, 20, em queda de 1,86%, batendo em R$ 5, seguindo a melhora dos mercados internacionais, que, finalmente, estão começando a responder aos estímulos de bancos centrais do mundo inteiro. Às 12h47, o dólar perdeu, de maneira muito pontual, o patamar de R$ 4,99, até atingir a mínima do dia às 14h23, quando a moeda era cotada a R$ 4,98. A moeda americana fechou em R$ 5,0267.
O analista de câmbio da Ourominas, Elson Gusmão, avalia que o novo leilão do BC com os títulos soberanos ajuda na queda do dólar, mas acredita que o mercado vai querer testar o limite do que o BC considera dólar alto. “Me parece que o BC acordou, estando mais atuante no câmbio”, observa.
Nesta manhã, o anúncio da revisão do PIB do País neste ano pode provocar nova onda de alteração nas expectativas dos investidores sobre a atividade econômica. No mercado, as previsões variam de zero até recessão neste ano.
Nas casas de câmbio, a moeda americana, de acordo com levantqmento do Estadão/Broadcast, é negociada entre R$ 5,19 e R$ 5,27. Isso é um bom recuo, já que, na quinta-feira, chegou a ser cotada acima de R$ 5,40.
Nesta manhã, as Bolsas de Ásia e Europa reagiram às perdas, com ajuda de três medidas importantes, que têm protagonismo nas recuperações dos mercados no mundo. A primeira delas é a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de que suprirá dólares a bancos centrais que passam dificuldades com a escassez da moeda americana. A segunda é a do Banco Central Europeu (BCE), que anunciou um novo programa de compra de ativos no valor de 750 bilhões de euros. A terceira é decisão do Banco da Inglaterra (BoE), que voltou a cortar os juros do país.
Até então, por mais que muita coisa estivesse sendo feita, poucas medidas estavam chegando de forma efetiva no índices de cada país. Nos últimos dias, vários bancos centrais reduziram, por exemplo, taxas de juros, como os Estados Unidos, que reduziram ao patamar da faixa entre 0,25% e 0%, o que não acontecia desde 2008, e até mesmo o Brasil, que reduziu a Selic para o mínimo histórico, 3,75%. Tudo isso deveria servir como ânimo aos empresários, que terão crédito mais barato, mas, mesmo assim, houve quedas em grande parte dos mercados nos últimos dias, inclusive no brasileiro. Segunda e quarta foram dias de queda. Apenas na terça e na quinta-feira, 18, houve recuperação das perdas. Este movimento de “sobe e desce” é visto em todos os mercados no mundo.
Mercados internacionais
Na Ásia, onde o mercado já está fechado, as Bolsas fecharam em alta, com algumas, inclusive, crescendo de forma relevante. Claro, todas elas, mesmo crescendo bem, ainda estão longe de recuperar as perdas por conta dos efeitos da pandemia do novo coronavírus, causador da Covid-19.
A maior alta entre os países asiáticos foi na Coreia do Sul, com a expressiva marca de 7,44%, seguida de Taiwan (6,37%) e Hong Kong (5,05%). A China teve ganhos em 1,61% e a Tailândia registrou um avanço tímido, de 0,06%, pelo terceiro dia consecutivo. No Japão , a Bolsa de Tóquio não funcionou, por conta de um feriado local. Na Oceania, a Bolsa da Austrália se recuperou de forma mais modesta, com fortes altas dos setores petrolífero e imobiliário, mas quedas em ações de empresas da áreas de saúde, avançando 0,93%.
Na Europa, o dia terminou de forma positiva. A Bolsa de Londres fechou em alta de 1,76%, a de Frankfurt teve ganho de 3,70% e a de Paris se valorizou 5,01%. Em Milão, Madri e Lisboa, os ganhos foram de 1,71%, 0,74% e 2,06%, respectivamente. Os resultados foram uma resposta às ações coordenadas dos bancos centrais europeus. Além da compra de ativos, o BCE também anunciou uma ação coordenada de swap cambial com o Fed e regras mais flexíveis de regulação para o sistema bancário local. As autoridades estimam que o pacote econômico proposto consiga provocar um alívio de capital de 120 bilhões de euros, que poderão ser usados para absorver perdas ou potencialmente financiar até 1,8 trilhão de euros em empréstimos./ SILVANA ROCHA, MARCELA GUIMARÃES E FELIPE SIQUEIRA
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