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Alívio externo permite 2º dia de alta da Bolsa

A sexta-feira, 20, é de recuperação da Bolsa brasileira, em sintonia com os mercados externos onde as bolsas avançam, após uma onda de auxílio de vários bancos centrais para abrandar as consequências econômicas do coronavírus. Além disso, a decisão da China em não alterar os juros sugere que a situação por lá está melhorando após a pandemia do vírus. Contudo, o quadro ainda é de muita incerteza, em razão do espalhamento do vírus e do temor de uma recesso global.

O ruído político doméstico também segue no radar do investidor, especialmente depois de pesquisas mostrarem aumento da impopularidade do presidente Jair Bolsonaro, em um momento de várias reduções nas expectativas para o PIB brasileiro. Por isso, o mercado aguardará a nova projeção do governo para o PIB, a ser divulgada hoje, e que pode ficar perto de zero. A estimativa, contudo, se confirmada, ficará inferior a muitas de mercado que já apontam para variação negativa do PIB em 2020, fato que tende a continuar prejudicando algumas varejistas na B3.

Hoje, a XP Ipespe informou que a popularidade do presidente caiu em março para o menor nível desde o início do seu mandato. Em outro levantamento, do Atlas Político, de ontem, a avaliação negativa subiu de 37,8% para 41%. O saldo, de -15,4 pontos, é o pior desde o início (março/19) da série da pesquisa.

Os dados saem em um momento de crescimento no número de infectados e de pessoas mortas no Brasil em decorrência do novo coronavírus, o que pode limitar ganhos na B3, que ontem fechou em alta de 2,15%, aos 68.331,80 pontos.

Às 11h34, subia 4,75%, aos 71.623,30 pontos. Entretanto, ainda acumula perdas de 17,35% na semana e de mais de 30% este mês.

“As sessões nos mercados têm sido de esquizofrenia, de irracionalidade. Ontem – e nos últimos dias -, houve enxurrada de medidas. Agora, a China vem e não mexe nos juros, país onde o surto teve início. Provavelmente, a doença ainda continuará contaminando as pessoas, mas talvez os investidores estejam exagerando nas reações”, observa o estrategista-chefe da Levante Ideias de Investimentos, Rafael Bevilacqua

Na China, as taxas de juro de referência para empréstimos tanto de curto quanto de longo prazos ficaram inalteradas em março, à medida que o país aparenta ter a crise do novo coronavírus em boa parte sob controle.

“Se o Fed cortou o juro a zero e o mercado estressou, a manutenção da taxa na China pode sugerir uma outra interpretação”, acrescenta Bevilacqua.

Mas hoje, ressalta a LCA em nota, os mercados externos ainda repercutem favoravelmente as ações anunciadas pelos principais bancos centrais internacionais e as medidas adotadas pelos governos para proteger suas economias. O petróleo continua a ser o destaque no mercado de commodities, após o anúncio da compra pelo governo americano de 30 milhões de barris para suas reservas, e sobe, o que tende a permitir ganhos das ações da Petrobrás. Em contrapartida, a queda do minério na China, pode limitar o desempenho de alta de outros papões ligados a commodities, caso de Vale.

Em relação ao Brasil, a consultoria acrescenta que a expectativa fica na divulgação da atualização da nova projeção de variação do PIB pelo governo brasileiro. “Além disso irá anunciar sua nova meta fiscal, que poderá ficar em torno de R$ 200 bilhões.”

Porém, para Bevilacqua, o cenário externo é que continuará determinando a direção da bolsa brasileira. “As ações do governo brasileiro para combater o coronavírus são importantes, mas o investidor permanecerá atento ao externo, ao espalhamento do vírus…”, estima.

Por Maria Regina Silva

Estadão Conteúdo

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