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Em dia de Copom, taxas disparam com elevada aversão ao risco e coronavírus

O mercado de juros chegou ao dia da mais esperada decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) dos últimos tempos convicto num novo corte da Selic, mas sem consenso sobre o tamanho da redução em meio ao grau elevadíssimo de incertezas do cenário global. Apesar da aposta em novo afrouxamento monetário, as taxas hoje fecharam em alta consistente, de cerca de 50 pontos-base no trecho curto e entre 120 e até 165 pontos nos vértices intermediário e longo.

As taxas trilharam trajetória altista desde a primeira etapa, mas o pico do estresse foi atingido à tarde, quando boa parte dos principais contratos bateram nos limites máximos de oscilação, exigindo ajustes por parte da B3. A escalada decorreu da zeragens de posições desencadeadas pela piora do câmbio, com o dólar à vista chegando a até R$ 5,25.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou a sessão regular em 4,000%, de 3,597% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2022 encerrou com a taxa de 5,81% (máxima), de 4,451% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 8,55%, ante 7,382% ontem no ajuste.

Profissionais nas mesas de renda fixa relatam que, com o noticiário sobre os estragos do coronavírus piorando dia a dia, numa crise já tida como sem precedentes, e a percepção de que a situação ainda vai piorar muito antes de melhorar, o mercado está perdido e o “pânico é total”. Desde ontem, grandes instituições do mercado financeiro vêm revisando suas expectativas para o PIB brasileiro este ano para zero e até números negativos, o que ilustra a severidade da crise.

“As medidas são paliativas para enfrentar a crise e na medida em que piorou o dólar, piorou o DI. O mercado está reagindo muito ao exterior e ao espaço limitado para atuação de política fiscal e monetária, que, de todo modo, terão pouco resultado”, disse o operador de renda fixa da Nova Futura, André Alírio.

Para o Copom, dado o estresse do dia, a curva, ao contrário de ontem, não mostra mais precificação para corte de 0,75 ponto porcentual da Selic hoje. Segundo o Haitong Banco de Investimento, a precificação é de -43 pontos-base, ou seja 70% de chance de corte de 0,50 ponto e 30%, de 0,25 ponto. Para maio, a precificação é de -7 pontos, ou seja 30% de chance de redução de 0,25 e 70% de chance de Selic estável.

Sérgio Goldenstein, ex-chefe do Departamento de Mercado Aberto do Banco Central, defende que o Copom reduza a Selic em 0,50 ponto. “Uma redução de apenas 25 bps seria muito ruído para nada, enquanto 100 bps ou mais seria gerar muito ruído sem ter convicção de nada. A única convicção é que aquilo que alguns convictos chamavam de ‘gripezinha’ vai afetar bastante a atividade”, escreveu, em sua conta no Twitter.

Contato: denise.abarca@estadao.com

Por Denise Abarca

Estadão Conteúdo

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