As últimas semanas foram marcadas por um aumento na demanda nos supermercados e pelo movimento fraco nos shopping centers, refletindo os impactos do coronavírus no comportamento da população e seus desdobramentos em tais setores.
Com o aumento da prática do “home-office” e cancelamento das aulas nas escolas e universidades, há uma migração natural do consumo de alimentos e bebidas de estabelecimentos comerciais para dentro das residências, o que favorece o volume de vendas das “mercearias”. Além disso, o receio de um desabastecimento em larga escala leva à corrida pela estocagem de materiais básicos, como itens de higiene pessoal e alimentação básica. Já os shopping centers, bares e restaurantes têm sofrido com a restrição da circulação das pessoas e menor “apetite” à lazer e entretenimento, com fechamento de cinemas e cancelamentos de eventos culturais.
A tendência é que o movimento daqui para frente se concentre nos lugares que oferecem serviços e produtos essenciais, como farmácias, grandes supermercados e hospitais.
De acordo com analistas, a notícia é negativa para toda a economia brasileira, pois demonstra os sintomas iniciais do coronavírus no dia a dia das empresas. No curto prazo, a receita dos supermercados (CRFB3, PCAR3) pode aumentar devido à migração no local de consumo da população, enquanto o efeito estocagem deve ser mitigado com menores compras nas próximas semanas.
As ações do Pão de Açúcar (PCAR3) tiveram desempenho superior ao Ibovespa na segunda-feira (16) com queda de 4,8 por cento em comparação com a queda de 13,9 por cento no Ibovespa.
Já no caso dos shoppings centers (IGTA3, ALSO3, BRML3, MULT3), o movimento deve ser drasticamente reduzido nas próximas semanas, com queda no volume de vendas e necessidade de descontos nos aluguéis para não aumentar a vacância dos lojistas nos shoppings.
Embora a tendência seja haver um efeito repique pós coronavírus, dificilmente ele será capaz de cobrir toda a perda das próximas semanas, dado que parte do consumo é apenas adiado (roupas, acessórios, etc) enquanto outra parte é irrecuperável (estacionamento, praça de alimentação, cinemas).
No médio prazo, o coronavírus é ruim para ambos setores, dado que a perspectiva é de revisão para baixo do Produto Interno Bruto (PIB) e desaceleração no ritmo de queda das taxas de desemprego, mas os supermercados (PCAR3, CRFB3) podem ter um desempenho relativo melhor do que o Ibovespa.
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