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Bolsa fecha em alta de 4,85%, com incentivos no exterior e melhora em Nova York

Com o dólar se acomodando a R$ 5 e a retomada pontual dos ativos de risco no exterior, o Ibovespa teve recuperação parcial, com ganho de 4,85%, aos 74.617,24 pontos, no fechamento desta terça-feira, 17, após perda de 13,92% ontem – e avanço de 13,91% na sexta-feira. O giro financeiro totalizou R$ 35,9 bilhões na sessão, com o principal índice da B3 tendo oscilado hoje entre mínima de 70.782,50, em baixa de 0,55% na ocasião, e máxima de 77.254,59 pontos, em alta de 8,55% no pico do dia. Na semana, o Ibovespa cede agora 9,75%, enquanto no mês perde 28,37% e, no ano, cai 35,48%.

O relativo bom humor observado na sessão, aqui e no exterior, decorreu em parte de medidas anunciadas por Estados Unidos, Reino Unido e Espanha para prover liquidez e sustentar a economia na difícil travessia do coronavírus, que já coloca em jogo a sobrevivência de setores mais diretamente atingidos pela crise de saúde pública global, como o aéreo. O secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, disse que a proposta é de injetar US$ 1 trilhão para dar sustentação à economia.

No Brasil, os investidores absorveram também o pacote de quase R$ 150 bilhões anunciado ontem à noite pelo Ministério da Economia, bem-recebido, embora muito baseado no diferimento de impostos e encargos em momento no qual a margem para estímulos fiscais é restrita. “As medidas do Guedes foram consoantes com a visão de economia dele. Foi um conjunto de medidas de diferimento ou antecipação, com soma zero”, diz André Perfeito, economista-chefe da Necton. Ele defende que as iniciativas envolvam também “injeção de liquidez direta nas empresas, especialmente as pequenas e médias, que empregam mais gente”.

Com os cortes de juros e as provisões de liquidez que vêm sendo concedidas, a tendência é de que a volatilidade nos mercados globais se mantenha bem elevada, acrescenta o economista da Necton. “É uma questão que só se resolve com o retorno das pessoas ao trabalho e às escolas, quando isso for possível”, diz Perfeito, para quem o receituário fiscal e monetário, aqui e no exterior, é limitado para lidar com a disfunção que se abateu sobre a economia global.

“Ninguém tem dúvida agora de que estamos diante de uma crise que afeta os prêmios de risco e a recorrência dos fluxos de caixa das empresas, especialmente em setores mais pressionados, como o aéreo e o de petróleo. Há muitas dúvidas, no curto prazo, quanto a esses setores mais diretamente afetados”, diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

Assim, as ações do setor aéreo e de turismo se mantiveram hoje entre as maiores perdedoras do dia, com Smiles em queda de 7,74%, CVC, de 4,33%, Azul, de 2,37% e Gol, de 3,23%. Destaque também na sessão para Via Varejo (-6,88%) e Sul América (-3,69%). No ano, Azul perde 73,87%, CVC, 77,28%, Gol, 78,86%, e Smiles, 57,58%. Na ponta positiva do Ibovespa, Rumo subiu 14,01%, seguida por Carrefour (+12,50%) e Cogna (+11,72%). Entre as blue chips, Petrobras PN e ON viraram no fim e fecharam em leve baixa, de 0,69% e 0,38%, respectivamente. Vale ON subiu 6,33%.

Por Luís Eduardo Leal

Estadão Conteúdo

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