A decisão inesperada do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que baixou os juros dos Estados Unidos para perto de zero no domingo (15) teve o efeito esperado sobre o mercado financeiro. As bolsas desabaram ao redor do mundo.
Em São Paulo, o Ibovespa retrocedeu 13,9% e fechou a 71.170 pontos, na avaliação preliminar. E o dólar comercial fechou a R$ 5,047, encerrando pela primeira vez acima de R$ 5,00.
Nos Estados Unidos, o Dow Jones recuou 12,9 por cento, o índice Nasdaq caiu 12,3 por cento e o S&P 500 caiu “apenas” 11,98 por cento. Na Europa, os índices fecharam com quedas mais discretas, ao redor de 4 por cento. Ainda assim, o movimento dos preços deixou evidente o pessimismo dos investidores.
O que assustou a entidade mítica chamada mercado foram as perspectivas de desaceleração da economia real devido à propagação das contaminações do coronavírus. Países europeus importantes, como a França, proibiram reuniões públicas, adiaram eleições e suspenderam a votação de reformar importantes, como a da Previdência. Espera-se que outros países da Zona do Euro tomem medidas semelhantes.
Nos Estados Unidos, após refugar durante semanas, o presidente Donald Trump decretou medidas de emergência na sexta-feira (13).
Mesmo o governo Bolsonaro começou a se mexer. O Conselho Monetário Nacional (CMN) decretou medidas para estimular os bancos a conceder empréstimos, e o Ministério da Economia anunciou, no fim da tarde, medidas emergenciais que vão injetar R$ 147,3 bilhões na economia.
Desse valor, R$ 83,4 bilhões devem ser destinados à população mais pobre e idosa e outros R$ 59,4 bilhões serão aplicados na manutenção de empregos. Dentre as medidas estão a antecipação da segunda parcela do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS para maio.
A primeira parcela já havia sido antecipada para abril. Pelo cronograma habitual, essas parcelas seriam pagas em agosto e em dezembro e a antecipação vai liberar 46 bilhões de reais para a economia antes do esperado.
É impossível prever se as medidas serão suficientes para conter o impacto negativo do coronavírus sobre a economia. Para os próximos dias, esperam-se novos solavancos nos mercados, até que se forme um consenso dos investidores.
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