Para o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), a atuação do presidente Jair Bolsonaro em relação aos atos pró-governo neste domingo, 15, foi “imprópria e inoportuna”. Orientado a ficar em isolamento até refazer testes para o coronavírus, Bolsonaro cumprimentou apoiadores que se manifestavam no Palácio do Planalto.
“Imprópria e inoportuna. Nós estamos reunidos aqui para tomar decisões para proteger a vida das pessoas. E o presidente Bolsonaro está mais preocupado com a sua vida política. Eu procuro pensar em todos. O presidente pensa nele”, comparou o governador ao Estado. Ele é apontado como possível adversário de Bolsonaro na eleição de 2022.
Em Brasília, Bolsonaro chegou a usar o telefone celular de algumas pessoas para tirar selfies ao lado delas, além de cumprimentá-las com as mãos abertas. Em alguns momentos, chegou a colar o rosto ao de apoiadores para fazer fotos.
Além de participar do ato em Brasília, Bolsonaro passou o dia compartilhando vídeos e fotos sobre as manifestações no Twitter. Em uma delas, era possível ler faixas ‘Fora Maia’, em referência ao presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), ‘Fora STF’ e ‘SOS Forças Armadas’. Bolsonaro identificava a imagem como sendo de Maceió, Alagoas. A foto foi apagada da conta de Bolsonaro.
Na capital paulista, Doria foi alvo de manifestantes que gritavam contra o “comunavírus” e veem a pandemia como uma “farsa”. Para alguns dos manifestantes, o governador tentou impedir a realização do ato. Na sexta, o governo de São Paulo e a Prefeitura da capital cancelaram eventos públicos com mais de 500 pessoas. A Secretaria de Segurança Pública do Estado manteve o policiamento dos atos que já haviam sido comunicado à autoridades.
Witzel evita comentários
Procurado pela reportagem para comentar a participação do presidente Bolsonaro no protesto de Brasília, o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), disse que não comentará assuntos que não sejam os impactos da covid-19. “O governador Wilson Witzel está tratando, unicamente, das medidas para evitar os impactos da covid-19, inclusive que haja mortes no Estado”, diz a nota enviada pela assessoria de imprensa do mandatário.
“Outros assuntos não são relevantes neste momento”, continua o texto, que evitou comentar também o fato do ato em Copacabana, na zona sul do Rio, ter sido marcado também por protestos contra Witzel.
O governador fluminense vem tentando evitar polêmicas na hora de rebater atitudes de Bolsonaro ou aspectos do governo. Durante o carnaval, no desfile na Sapucaí, por exemplo, Witzel não endossou as críticas feitas ao presidente na avenida. Apesar disso, Witzel demonstra inconformismo com atitudes do Planalto, como a dificuldade de diálogo do presidente com os governadores. (Colaborou Caio Sartori)
Por Pedro Venceslau
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