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Ao menos 590 mil alunos no País já tiveram aulas suspensas pelo coronavírus

Ao menos 590 mil estudantes em todo o País já tiveram aulas suspensas em prevenção ao novo coronavírus. Apesar de o Ministério da Saúde não ter recomendado a interrupção das atividades, escolas e faculdades anunciaram a medida nesta quinta-feira, 12.

Primeira universidade pública a anunciar a suspensão, a Unicamp informou no fim da tarde de quinta que pode rever a decisão. Inicialmente, a instituição havia comunicado que iria interromper as atividades de 13 a 29 de março. A avaliação da Reitoria era de que as próximas duas semanas serão a de maior potencial de propagação do vírus.

Sete faculdades particulares também anunciaram a suspensão das atividades. Cada instituição adotou a medida por um período específico, que varia de 2 a 14 dias. O Insper, por exemplo, só anunciou a paralisação para esta quinta e sexta-feira, 13. A Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) decidiu pelo fechamento de uma semana, até o dia 17 de março.

Duas escolas particulares de São Paulo também suspenderam as atividades após terem registrado casos da doença entre alunos ou pais de alunos, o colégio Vera Cruz e o Avenues. O Colégio Santa Cruz decidiu nesta quinta-feira suspender algumas atividades programadas como “medida de redução de riscos”. No Distrito Federal, o governador Ibaneis Rocha decidiu suspender as aulas em toda a rede pública e privada, afetando 500 mil estudantes.

O Ministério da Educação montou uma comissão para avaliar a situação e pensar em recomendações para as escolas e universidades do País. Na quarta-feira, 11, o ministro Abraham Weintraub chegou a dizer em seu Twitter que as instituições deveriam pensar em planos de aulas a distância, o que foi considerado inviável por secretários de educação e reitores.

Unesp suspende parte das atividades

A Universidade Estadual Paulista (Unesp) decidiu nesta quinta-feira suspender temporariamente todas as atividades do programa Universidade Aberta à Terceira Idade – o grupo dessa faixa etária é considerado o mais vulnerável para o coronavírus.

As atividades de ensino, pesquisa e administrativas estão mantidas, mas a instituição recomendou que sejam cancelados todos os eventos que estavam previstos para acontecer no câmpus de São Paulo e que as reuniões presenciais sejam evitadas.

Também determinou que todos os estudantes, pesquisadores, professores e funcionários que tenham retornado do exterior devem fazer quarentena de 14 dias antes de retornar à universidade. Para os servidores, o período de isolamento será considerado de “efetivo exercício”.

Filhos em casa

Há semanas, Benjamim Maranhão, de 4 anos, vê fotos de pessoas com máscara no jornal que os pais leem e questiona o motivo. Os pais contaram sobre o novo coronavírus e a importância de reforçar hábitos de higiene para se proteger da doença. Contar sobre a doença foi fácil, agora o casal pensa em como explicar a ele caso as aulas na escola sejam suspensas.

“Não quero que fique alarmado, mas acho importante que ele saiba o que está acontecendo. A paralisação das aulas pode ser difícil já que vai ficar longe dos amigos, muito tempo em casa”, contou Tatiana Maranhão. Ela é professora universitária e trabalha a maior parte dos dias em casa. Por isso, ficaria com o menino no caso de interrupção na escola Jacarandá, em Higienópolis. “Minha preocupação vai ser manter um clima de normalidade para ele dentro do que for possível.”

O médico veterinário Eduardo Henriques, de 48 anos, também já pensa em alternativas caso suspendam as aulas do colégio Santa Maria, no Jardim Marajoara, onde estudam seus quatro filhos, de 7, 9, 11 e 13 anos. “Vou me revezar com a minha mulher. Acredito que vai ser bem tranquilo, uma vez que a escola deve passar atividades que possam fazer”, disse.

Pai de um menino de 7 anos, aluno do colégio Oswald de Andrade, na Vila Madalena, o consultor de vendas João Wendell, de 47 anos, disse acreditar que a suspensão das aulas pode ser importante para conter a propagação do vírus. “São apenas alguns dias que vamos ter de nos organizar e abrir mão da rotina para evitar uma piora do cenário. Outros países já tiveram a experiência e mostraram que o isolamento ajuda a não espalhar a doença”, disse. Para ele, as escolas podem ajudar os pais ao dar atividades a distância, dicas de brincadeiras e filmes para o período em que as crianças tiverem de ficar em casa.

Por Isabela Palhares

Estadão Conteúdo

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