Os indicadores industriais de janeiro apontavam melhora da atividade, após dois meses de resultados majoritariamente negativos. Segundo Indicadores Industriais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgados nesta quinta-feira, 12, no primeiro mês do ano, todos os índices que medem a atividade registraram recuperação, com destaque para a elevação do faturamento real em 1,5%.
Os números, no entanto, não podem mais ser considerados uma tendência diante da volatilidade que toma conta dos mercados internacionais, provocada principalmente pela pandemia do novo coronavírus.
O economista da CNI Marcelo Azevedo afirmou ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que ainda é prematuro para fazer novas previsões e que não dá para apontar a intensidade e duração do impacto da pandemia na atividade.
“Não é só o efeito do coronavírus, mas tudo o que está sendo feito em todos os países para lidar com o problema. Esses efeitos vão se somando e não só na indústria”, afirmou Azevedo, lembrando ainda da queda do preço do petróleo no mercado internacional e da medida anunciada na quarta-feira pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de restrição dos voos da Europa para aquele país. Segundo ele, ainda é difícil mensurar esses efeitos na produção e a CNI está monitorando e analisando os números para rever suas projeções.
No final do ano passado, a entidade havia projetado uma alta para o PIB industrial de 2,8% neste ano e de 2,5% para o PIB brasileiro. Azevedo disse que essa expectativa deve ser revista, mas que a CNI ainda monitora para ver qual o melhor momento para atualizar os números. No ano passado, segundo os números divulgados pelo IBGE, o PIB industrial cresceu apenas 0,5%.
Os Indicadores Industriais apontam que as horas trabalhadas na produção cresceram 1% em janeiro frente a dezembro de 2019, já considerando a correção sazonal e a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) atingiu 78%, uma alta de 0,4 ponto porcentual na comparação com o último mês do ano passado.
Os demais indicadores, emprego, massa salarial e rendimento médio real, registraram crescimentos mais modestos. O faturamento de janeiro também foi 3,2% superior ao registrado no mesmo mês de 2019.
“Todo esse movimento acontece numa hora delicada para a indústria, que vinha numa trajetória de recuperação. Janeiro talvez pudesse colocar a indústria num novo patamar. Estávamos nos aproximando de um momento em que se esperava recuperação do emprego e investimento no setor”, disse Azevedo, ponderando que o momento agora é de acompanhar os efeitos da crise para poder avaliar melhor se essa trajetória será adiada ou não.
Por Sandra Manfrini
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