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Taxas disparam com aversão ao risco externo e apostas conservadoras para a Selic

O crash nos preços do petróleo adicionou risco ao ambiente já deteriorado nos mercados pelo avanço do coronavírus e, por mais que as curvas no exterior tenham afundado, os juros locais subiram, e com força na ponta longa, conferindo ganho de inclinação. As taxas curtas também abriram, com correção das apostas de um corte mais ousado, de 0,50 ponto porcentual, da Selic no Comitê de Política Monetária (Copom) da próxima semana. Tal aposta ainda aparecia marginalmente pela manhã, mas à tarde não somente sumiu como alguns players voltaram a enxergar a possibilidade de manutenção da taxa básica em 4,25%.

O volume de negócios foi novamente muito elevado. No fechamento da sessão regular, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para abril de 2020, o primeiro a vencer após a reunião do Copom em março, fechou em 4,046%, de 3,981% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2021 encerrou em 4,010%, de 3,839%. A do DI para janeiro de 2022 subiu de 4,401% para 4,63% e a do DI para janeiro de 2027, de 6,571% para 6,95%.

As máximas foram atingidas ainda pela manhã, com o mercado reagindo fortemente à decisão da Arábia Saudita de elevar sua produção de petróleo num momento de significativa queda da demanda em função do coronavírus, o que fez derreterem as cotações do petróleo, ainda que esse seja um fator desinflacionário para o Brasil. Algumas das taxas longas chegaram a subir perto de 70 pontos. No começo da tarde, houve um momento de redução de perdas dos ativos, com a ponta longa reduzindo a alta para 20 pontos, mas na última hora da sessão regular, retomaram o estresse.

Além da aversão ao risco externo, a ponta longa naturalmente tende a subir diante do maior conservadorismo nas apostas para a política monetária de curto prazo. De acordo com Haitong Banco de Investimentos, a curva precificava no fim da tarde queda de apenas 20 pontos-base para a Selic no Copom de março, ou seja 80% de possibilidade de redução de 0,25 ponto porcentual e 20% de chance de Selic estável.

O economista-chefe da SulAmerica Investimentos, Newton Camargo Rosa, vê esse ajuste nas apostas ligado não somente à pressão do câmbio, mas especialmente ao aumento das expectativas de que o Banco Central atue para dar liquidez via outros instrumentos que não a Selic. “Dar uma linha especial de crédito ou reduzir compulsório, como em 2008 e 2009, teria um efeito mais rápido. Isso está levando o mercado a revisar suas expectativas para a Selic”, disse.

Ainda, o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Bruno Serra, em apresentação durante evento pela manhã, falava em “cautela para política monetária”, o que foi lido como um recado para aqueles mais “dovish”.

Por Denise Abarca

Estadão Conteúdo

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