De olho em aumentar sua participação no mercado brasileiro com o 5G, a Huawei sustenta que não há fundamento nas acusações de que seus equipamentos são vulneráveis a espionagem, invasões e roubo de dados. O diretor de Governança de Cibersegurança Global da companhia, Marcelo Motta, afirma que essas suspeitas ocorrem porque a empresa é líder na tecnologia 5G, na qual investe desde 2009 – antes mesmo da chegada no 4G no Brasil.
“Existem uma série de acusações que vem acontecendo há tempo, e não existe absolutamente nada provado. Não se apresenta prova, mas apenas acusações”, afirma Motta.
Segundo ele, entre 2009 e 2018, a companhia investiu US$ 4 bilhões na nova tecnologia e hoje detém 20% das patentes essenciais do 5G. “Existe um reconhecimento, por parte das operadoras e dos clientes, de que temos liderança tecnológica. Estamos pelo menos dois anos à frente do mercado devido a esses investimentos. Nosso produto é mais competitivo”, diz.
Levantando questões de segurança e o risco de roubo de dados pelo governo da China, os Estados Unidos têm pressionado países no mundo todo a banir a Huawei e impedir a companhia de fornecer equipamentos para as futuras redes de 5G.
Motta destaca que um dos motivos que explicam essa postura do governo norte-americano é justamente a disputa pela propriedade intelectual. De 2015 a 2018, segundo ele, a Huawei pagou US$ 6 bilhões em propriedade intelectual para terceiros, sendo 80% empresas americanas. No mesmo período, recebeu US$ 1,4 bilhões por suas patentes dos EUA. “Quando o 5G entrar, esse jogo deve se inverter”, disse.
A Huawei já fornece equipamentos para as operadoras que atuam no Brasil e tem, entre seus clientes, o Banco Central e as Forças Armadas. A empresa, porém, não opera as redes das operadoras e nem possui acesso aos dados que lá circulam, diz Motta. Ele ressalta ainda que a empresa é privada e que suas maiores concorrentes, Ericsson e Nokia, também produzem equipamentos na China sob as mesmas condições. “Estamos todos no mesmo ambiente, é global supply chain. Não existe isso (interferência do governo chinês)”, diz.
A companhia avalia que o Brasil não pode se atrasar na implantação da nova tecnologia 5G, sob risco de perder investimentos e ficar para trás na evolução da produtividade. “Quem sair na frente terá ganho de eficiência e produtividade. Acho que, para o Brasil não é interessante postergar isso”, avalia Motta.
O diretor de relações governamentais da Huawei no Brasil, Atílio Rulli, afirma que está à disposição do governo brasileiro para qualquer esclarecimento. Ele destaca que os equipamentos da companhia já foram testados pelas operadoras que atuam no País e também pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), e garante que as soluções são certificadas pelo mercado. “À medida que o governo nos demanda, estamos à disposição, e gostaríamos de ser mais demandados ainda. Não fomos demandados para esclarecer questão de segurança”, diz.
A Anatel abriu consulta pública para discutir as normas do leilão 5G, que deve ocorrer até o início de 2021. Não há, até agora, qualquer restrição ao uso de equipamentos da Huawei na proposta de edital. “Nossa mensagem principal é que leilão ocorra o mais rápido possível”, reitera o diretor de relações governamentais e regulação da empresa, Carlos Lauria.
Por Anne Warth
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