Economia

Apreensão geopolítica derruba preço do petróleo

Após o fracasso da reunião na semana passada entre os membros da Opep e a Rússia, que rejeitou a proposta de reduzir o nível de produção de petróleo para atenuar as recentes queda na cotação da commodity, a Arábia Saudita confirmou no sábado (7) que irá aumentar a produção no próximo mês e irá conceder descontos para os seus compradores. A atitude foi vista como uma forma de retaliação aos russos por terem quebrado o acordo no cartel e um possível início de guerra de preços, com implicações geopolíticas de alta complexidade. No pregão entre sábado e domingo, as ações da petroleira estatal Saudi Aramco caíram 7% e derrubou os principais índices da região.

De acordo com analistas, a notícia é extremamente negativa para a Petrobras (PETR3, PETR4) e esperamos forte impacto nas suas ações no curto prazo. Ademais, a medida faz aumentar a tensão global nos mercados de risco, já fragilizados por conta dos impactos econômicos do coronavírus no nível de produção e comércio internacional.

Ao longo dessa madrugada (9), os contratos futuros de índices americanos já apontavam para um dia de perdas. Já os contratos futuros de petróleo recuavam 21%, registrando a maior queda diária desde a guerra do golfo, em 1991.

A Petrobras tem breakeven (preço de equilíbrio para produção) em torno US$ 16 dólares, então para as operações que estão maturadas o atual preço é desafiador. No entanto, a empresa conseguiria manter suas operações por período de tempo confortável. Será importante ficar atento em como a Petrobras irá atuar em relação a novos investimentos que tem preços de prospecção mais elevados no começo e podem derrubar a rentabilidade de curto prazo da companhia, nos níveis atuais do barril de petróleo.

A atual crise, entretanto, deve atrasar os planos para a venda de ativos não estratégicos como as refinarias e outros campos de petróleo. Já que com preços menores os negócios devem ter sua atratividade diminuída.

É importante ressaltar, dizem os analistas, que a empresa conseguiu melhorar sua estrutura de capital nos últimos anos e por isso tem condições de surfar com “tranquilidade” por um momento turbulento como esse.

Estadão Conteúdo

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