O ex-deputado federal Cabo Sabino, que liderou o grupo de amotinados no 18º Batalhão da Polícia Militar durante a paralisação da PM no Ceará, está foragido da Justiça. A informação foi divulgada na noite dessa quarta-feira, 4, pelo governador Camilo Santana (PT) à GloboNews e confirmada pela reportagem com a Casa Civil do governo estadual.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Ceará, agentes da Polícia Civil tentam localizar o ex-parlamentar desde o fim do motim. O processo contra ele corre sob sigilo. Procurado, o Tribunal de Justiça do Ceará, onde está localizada a Justiça Militar, não quis comentar o caso.
Cabo Sabino foi um dos militares afastados por 120 dias pelo governo e apontado como um dos responsáveis pelo motim no 18º Batalhão. Durante a paralisação, o ex-parlamentar começou a responder a processo no Conselho Disciplinar, cuja punição máxima pode ser a expulsão da corporação.
Após os amotinados aceitarem acordo com os três Poderes no último domingo, 1º, Sabino declarou que os militares haviam “assinado” a sua demissão.
A proposta previa direito dos policiais a responderem a um processo legal sem perseguição, com amplo direito a defesa e ao contraditório, reajuste salarial escalonado até 2022 dentro dos termos já discutidos na Assembleia Legislativa, e a garantia que o governo não transferiria nenhum dos policiais para trabalhos no interior pelos próximos 60 dias.
A anistia pelo motim, no entanto, ficou de fora.
A paralisação dos militares disparou o número de homicídios no Ceará, tornando o mês de fevereiro o mais violento do Estado em cinco anos. Foram registrados 386 homicídios, número que pode ser ainda maior porque o balanço ainda não está fechado. No ano passado, foram registradas 164 mortes violentas. Em 2014, foram 394 crimes do gênero.
Após a greve, o Procurador-geral de Justiça Manuel Pinheiro informou que uma comissão especial formada por representantes da Ordem dos Advogados do Brasil, Ministério Público Federal e Estadual, e Defensoria Pública iriam atuar mediando as reivindicações dos militares e acompanhar seus processos administrativos. Os casos mais graves serão punidos com expulsão.
Por Paulo Roberto Netto
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