O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, explicou hoje (5) o apoio do governo brasileiro ao Plano de Paz para a Prosperidade, apresentado pelo presidente norte-americano Donald Trump, em janeiro passado, para acordo entre israelenses e palestinos.
Aos senadores da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, Araújo ressaltou que, na avaliação do governo brasileiro, o que se busca é construir uma base que possibilite um equilíbrio na relação entre os dois estados , além de viabilizar a normalização das relações de todos os países da região com Israel.
Segundo o chanceler, o governo brasileiro tem defendido a necessidade de abertura de iniciativas diplomáticas inovadoras, de maneira geral, sem condicionamentos prévios rígidos, e que criem novas perspectivas, novas ideias, para alcançar a paz.
“É nesse contexto que o governo brasileiro, com a orientação do presidente Jair Bolsonaro, saudou o lançamento do plano como um primeiro e importante passo para o que, se espera, seja uma solução justa e duradoura para o conflito, permitindo a israelenses e palestinos coexistirem em paz, segurança e prosperidade”, afirmou. O ministro acrescentou que, ao apoiar a iniciativa, o Brasil mantém seu compromisso histórico com a paz e a prosperidade do Oriente Médio.
Questionado pelo senador Esperidião Amin (PP-SC) se a nota do governo brasileiro, divulgada à época pelo Itamaraty, representa uma adesão à política externa americana, Araújo disse que não. No documento, o Brasil saúda a proposta de Trump como “visão promissora”, “documento realista” e “iniciativa valiosa”.
“Não vejo nossa posição como alinhamento a um país ou outro”, rebateu o ministro. Para ele, é um apoio a um plano de paz especifico como base de negociação.
O ministro lembrou que o documento apresentado pelos Estados Unidos pretende ser uma base de negociação para o conflito, levando em conta a realidade e as demandas das partes. Ele ressaltou que se trata de uma proposta, de uma base negociadora, a partir da qual se espera que israelenses e palestinos conversem e a modifiquem e a aperfeiçoem até chegar a uma solução comum.
Ao falar da política externa brasileira, Araújo dividiu a área em quatro eixos, segundo ele, conjugados no conceito de liberdade: da democracia, da transformação econômica e do desenvolvimento, da soberania e o eixo dos valores.
Ao ressaltar a liberdade, em uma referência à Venezuela e à Bolívia, o ministro afirmou ser impossível avançar no desejo de integração da América Latina sem democracia.
“É impossível transformar, ajudar a transformar a região como pretendemos que seja, de paz e prosperidade, se não trabalharmos dia e noite pela plena vigência da democracia em todos os países da região”, disse.
O chanceler afirmou que o regime de Nicolás Maduro não só nega a liberdade a seu próprio povo, como está intimamente associado à criminalidade, ao narcotráfico, ao terrorismo, que são espalhados por todo o continente.
“Estamos convencidos de que uma libertação da Venezuela, um retorno da Venezuela à democracia trará uma nova realidade à região, abrirá finalmente as portas para que a América do Sul, especialmente, se torne talvez o principal novo polo dinâmico da economia mundial, baseado nos princípios democráticos.”
Araújo reafirmou que existe um governo constitucional na Venezuela – comandado pelo autoproclamado presidente Juan Guaidó – com o qual o Brasil se relaciona.
O chanceler brasileiro também falou a situação da Bolívia.
“Acreditamos que há uma evolução muito positiva, um clima de pleno respeito à Constituição, legalidade, na preparação das eleições, que terão lugar naquele país em maio. Acreditamos que a Bolívia está no bom caminho e, como também é um país vizinho, um país com o qual o Brasil tem a sua maior fronteira, acompanhamos com a maior atenção, e é de todo o interesse do Brasil ver uma Bolívia democrática, pacífica, cooperando com o Brasil em todas as áreas”, disse.
Sobre o novo governo, de Alberto Fernández, na Argentina, Ernerto Araújo disse que, apesar de ter dado sinais “preocupantes” em relação à possibilidade de retrocesso no Mercosul, isso não se verificou.
Segundo ele, apesar da dificuldade econômica, o país vizinho tem mantido os compromissos no bloco. Para o ministro são boas as perspectivas de um encontro entre os presidentes Jair Bolsonaro e o sucessor de Mauricio Macri.
“Ontem, na visita do presidente da Câmara dos Deputados argentina [Sergio Massa] ao presidente Bolsonaro, ele falou da disposição de em breve se encontrar com o presidente Fernández, e isso foi bem recebido”, adiantou.
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