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Dólar contraria bom humor no exterior e tem 9 alta seguida, para R$ 4,48

O dólar até tentou ensaiar uma queda na tarde desta segunda-feira, 2, mas o movimento não se sustentou e a moeda americana fechou em alta, a nona seguida. No exterior, ao contrário, o dólar perdeu força ante divisas fortes e emergentes, com o aumento da perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve cortar os juros de forma agressiva pela frente para lidar com os efeitos do coronavírus. Também cresceu a aposta de ações coordenadas dos governos e a expectativa é para uma teleconferência de ministros das finanças dos sete países mais ricos do mundo, o G7, nesta terça-feira.

Aqui, o dólar à vista fechou com valorização de 0,19%, a R$ 4,4870. Além do cenário externo, operadores ressaltam que também contribui para aumentar a pressão no câmbio a visão de que o Banco Central pode cortar juros. Mesmo que bancos centrais lá fora façam o mesmo movimento, a visão é que o diferencial de taxas deve continuar baixo e desfavorável para o Brasil. Pela manhã, o dólar chegou a superar R$ 4,50.

“O câmbio vai continuar sob pressão, não vejo tendência de melhora no curto prazo”, afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo. Para ele, a probabilidade maior é de dólar mais perto de R$ 4,50 do que de R$ 4,00 pela frente. “A possibilidade é de mais saídas de capital do Brasil do que de entradas.”

Galhardo acrescenta ainda que os ruídos políticos só contribuem para aumentar a pressão no câmbio. Por isso, com o ambiente interno e externo conturbados, os investidores aumentam a procura por proteção no dólar, acelerando operações de hedge. Um das estratégias é aumentar a posição comprada no mercado futuro (apostas que ganham com a alta do dólar).

Hoje, ao contrário dos últimos dias, a alta do dólar não foi acompanhada de piora do risco Brasil. O Credit Default Swap (CDS) de cinco anos caiu para 127 pontos, após bater em 140 pontos na sexta-feira, segundo cotações da IHS Markit.

No exterior, o dólar chegou a subir de manhã nos emergentes, sobretudo nos mercados da América Latina. Mas com a crescente visão de ações dos governos e corte de juros pelo Fed, a moeda americana perdeu força. O banco Wells Fargo, quarto maior dos EUA em ativos, passou a prever hoje redução de 100 pontos-base nos juros até o fim do segundo trimestre. O Rabobank fala em juros chegando a zero nos EUA até setembro.

“Continuo esperando um ambiente de elevada volatilidade e pouca tendência, até que tenhamos uma claridade maior em relação ao cenário”, avalia o gestor e sócio-diretor da TAG Investimentos, Dan Kawa. Para ele, o corte dos juros pelos bancos centrais é positivo e pode ajudar a melhorar o humor de curto prazo, mas pode ser insuficiente para lidar com a desaceleração da atividade.

Por Altamiro Silva Junior

Estadão Conteúdo

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