A confirmação de um caso de coronavírus importado da Europa aumentou a preocupação de brasileiros que viajam para o exterior. Já há relatos de passageiros com dificuldade para a confirmação de voos para a Itália e, embora não haja números oficiais, houve aumento de pedidos de cancelamentos ou adiamentos de viagens. Algumas empresas aéreas permitem a remarcação sem multa.
A Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) informou ontem que realizava o levantamento da situação com as agências associadas e ainda não tinha os números de cancelamentos ou adiamento de viagens. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em tom irônico, chegou a recomendar o turismo no Brasil. “Se você não tem por que ir para a Lombardia, por que ir?” Mandetta afirmou que é preciso “bom senso” e sugeriu evitar viagens a países com transmissão interna da doença, ainda que não seja uma recomendação oficial.
Em Sorocaba, uma das principais agências da cidade foi procurada por um grupo de 18 pessoas para adiar a viagem a destinos italianos – incluindo Milão e o Lago de Garda, na Lombardia – com voo previsto para a segunda quinzena de março. Conforme o publicitário Elton Ferraz, houve acordo no sentido de remarcar voo sem custo.
A pernambucana Katia Suely Marques Salles, que mora em Treviso, no Vêneto, região italiana que já registrou morte pela doença, está no Recife desde o dia 12 de janeiro, e não conseguia, nesta quarta-feira, marcar o voo de volta. “O aeroporto de Milão está cheio de restrições e, agora que teve esse caso em São Paulo, vai ficar ainda mais difícil entrar na Itália.”
Em seu site, a Latam Airlines informou que os passageiros com bilhetes para Milão podem voar em até 15 dias da data do voo original sem pagar diferença de tarifa ou multa. Essas exceções comerciais já haviam sido adotadas para bilhetes emitidos na China. À reportagem, a Latam informou que todos os voos continuam programados.
No início da tarde, a administradora do aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos, informou que até aquele momento as partidas e chegadas da Europa continuavam mantidas. “Não houve nenhuma alteração”, disse em nota a Gru Airport. Já a Associação Brasileira das Empresas Aéreas esclareceu que as companhias seguem as orientações e procedimentos recomendados pela Agência de Vigilância Sanitária.
Cruzeiros
Viagens de navio também estão sofrendo restrições. A Costa Cruzeiros decidiu negar o embarque de pessoas originárias de dez cidades da região de Lodi, na Lombardia, e Vo Euganeo, município localizado no Vêneto. “Outras cidades podem ser adicionadas à lista publicada pelo Ministério de Saúde Italiano.”
As excursões disponíveis aos hóspedes da Costa não incluirão visitas às regiões italianas de Piemonte, Vêneto e Lombardia. Todas as pessoas que embarcam passam pelo teste de temperatura corporal – quem estiver acima de 37,8 °C não subirá no navio. A Costa cancelou os cruzeiros a bordo dos quatro navios que partem da China até meados de março. Os hóspedes serão reembolsados ou podem mudar a viagem de período.
Negociação
O Procon-SP recomenda que os consumidores que compraram passagem aérea ou pacote turístico para Itália ou outro país que tenha casos comprovados, e pretendam adiar ou desistir da viagem, procurem as unidades de defesa do consumidor. Isso porque, como não há previsão legal envolvendo a questão do coronavírus, é necessário negociar com a empresa. “Mesmo as empresas não tendo culpa, a lei reconhece que a parte vulnerável da relação é o consumidor”, disse o chefe de gabinete, Guilherme Farid. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por José Maria Tomazela, com colaboração de Mateus Vargas e Daniel Weterman
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