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Blocos agitam centro da cidade com tom politizado e micareta

Os blocos “Forrozin” e “Domingo ela não vai” levaram milhares de foliões às ruas do centro de São Paulo nesta segunda-feira de carnaval. Já pela manhã, o Forrozin, comandado pela cantora Mariana Aydar, ganhou a Avenida Ipiranga com clássicos do forró, samba e axé, e o Charanga do França coloriu as ruas do Santa Cecília.

A temperatura amena e o sol tímido da manhã de segunda ajudaram a dar o tom família da turma que acompanhou o bloco de Mariana Aydar. Muitas famílias com crianças conseguiram acompanhar sem sufoco a festa, mesmo que não estivesse propriamente vazia.”Gosto de vir no Forrozin porque é mais tranquilo, dá pra dançar e curtir com as crianças”, disse e a administradora Cláudia Fonseca, que trouxe a filha Mariana, de 2 anos.

A festa ainda teve um tom politizado, com muitas fantasias temáticas e discurso contra o governo. “Isso vai passar, se Deus quiser”, disse Mariana Aydar, que foi ovacionada e seguida por um coro de “ele não”, em referência ao presidente Jair Bolsonaro. Nem mesmo uma garoa fina que caiu no centro por volta das 13 horas desanimou o público do Forrozin, que encerrou seu desfile na rua Coronel Xavier de Toledo. A crítica política também marcou a Charanga do França, que teve coros de protesto e fantasias bem-humoradas para criticar o governo Bolsonaro.

Cortejo de axé transforma avenida do centro em micareta

Logo em seguida veio o “Domingo ela não vai”, que fez o mesmo percurso do Forrozin, saindo cerca de uma hora depois. O bloco de axé já começou bem mais cheio do que o anterior, e transformou a Avenida São Luiz numa verdadeira micareta com clássicos do ritmo baiano.

Com público mais agitado, a atmosfera era menos “família” do que no Forrozin. Os foliões também tiveram de lidar com roubos e menos espaço disponível. A reportagem chegou a presenciar um assalto seguido de rápida correria entre os participantes. Um grupo de jovens jogou spray de espuma no rosto de uma menina para roubar seu celular. Um jovem que também presenciou a cena relatou ter visto outros dois roubos com a mesma tática.

Pouco depois, por volta das 14 horas, o policiamento começou a ser reforçado, com mais policiais militares circulando entre os foliões e fiscalização mais intensa no acesso ao circuito na esquina da Av. São João com a rua da Consolação.

O desfile do “Domingo ela não vai” foi bem mais longo, com o carro de som ficando parado por pelo menos 30 minutos na São Luiz. O público, no entanto, não pareceu se incomodar. “A gente se sente um pouco em Salvador”, disse o administrador Carlos Gouveia, que escolheu o bloco justamente por ser de axé. A chuva deu as caras novamente, desta vez com mais força, mais para o fim do circuito, próximo ao Shopping Light, já por volta das 17 horas.

Por Igor Macário

Estadão Conteúdo

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