O Estado de São Paulo registrou 31.091 casos prováveis de dengue nas primeiras cinco semanas epidemiológicas deste ano, encerradas em 1.º de fevereiro, conforme dados do Ministério da Saúde. No mesmo período do ano passado, foram 17.004 relatos, um aumento de 82%. O Estado lidera o número absoluto de registros no País, com um terço dos 94.149 casos prováveis da doença já relatados. E a expectativa é de piora no quadro até abril.
A Secretaria da Saúde paulista já confirmou sete mortes – no mesmo período do ano passado foram duas. “Estamos preocupados com o coronavírus da China, mas é a dengue que está matando em São Paulo”, disse o superintendente estadual de Controle de Endemias, Marcos Boulos. O infectologista explicou que a maior letalidade pode estar associada à circulação do vírus tipo 2. “Muitas pessoas tiveram a dengue na grande epidemia de 2015 e nos anos seguintes, quando prevalecia o tipo 1. O paciente que é infectado por outro vírus, como está acontecendo com o 2, geralmente apresenta sintomas mais graves e o risco de morte é maior”, disse.
Segundo ele, o número de casos no Estado teve um grande crescimento a partir da segunda quinzena de janeiro e já caracteriza epidemia. “Tivemos um aumento na infestação do Aedes (mosquito transmissor) e a situação deve piorar. Esperamos uma progressão de casos ainda maior em março e o ápice em abril. A doença já está aí, o mosquito saiu do controle. O tipo 2 começou a circular no ano passado e agora está aí, muito espalhado. Vai pegar para valer em uma população altamente suscetível. Temos de melhorar a assistência médica e preparar os setores de terapia intensiva.”
Ele alertou que a população está com medo do coronavírus e acaba descuidando do mosquito transmissor da dengue, doença que pode ser grave e matar. “Estamos longe da China e dessa epidemia que é típica de inverno. Seria problema se estivéssemos no inverno e em contato com os chineses. Aqui, no verão, precisamos falar mais da dengue, que está matando pessoas”, observou. Em março, equipes da secretaria vão percorrer o Estado para orientar a rede de saúde, especialmente os hospitais, sobre o diagnóstico e tratamento dos casos.
Chuvas
Os temporais que atingiram o interior e o calor intenso dos últimos dias contribuem para a proliferação do mosquito. A doença se expande principalmente nas regiões norte e oeste, além do Vale do Paraíba. Na terça-feira, um idoso de 72 anos diagnosticado com dengue morreu em Ribeirão Preto, que tem 1.949 casos confirmados e 6.129 em investigação, segundo a prefeitura. O município lidera o ranking da doença no Estado. Há ainda três mortes confirmadas e uma suspeita. A Secretaria da Saúde ampliou o fluxo de atendimento nas unidades e, para combater o mosquito, só em janeiro houve 40.359 vistorias em imóveis, com 3.488 criadouros achados.
As prefeituras de Presidente Prudente e Rancharia, no oeste paulista, decretaram estado de emergência por epidemia de dengue na Terça-feira.
Regiões
Por regiões do País, a situação é mais grave no Centro-Oeste, que apresenta 105,75 casos por 100 mil habitantes, vindo a seguir Sul (85,36/100 mil), Sudeste (46.56/100 mil), Norte (28,68/100 mil) e Nordeste (8,58 casos/100 mil). Destacam-se os Estados de Acre, Mato Grosso do Sul e Paraná, com incidência acima de 200 casos por 100 mil moradores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por José Maria Tomazela
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